Política e Administração Pública

Deputados governistas criticam pedido de impeachment de Dilma

02/12/2015 - 21:35  

Deputados de partidos da base aliada ao governo criticaram a decisão do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, de acolher o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff.

Thyago Marcel/Câmara dos Deputados
Sessão Deliberativa Extraordinária para discussão e votação de diversos projetos. Dep. Orlando Silva (PCdoB-SP)
Orlando Silva: abertura do processo de impeachment é um golpe contra a democracia

Para o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), partidos de oposição e o presidente da Câmara servem ao mesmo propósito de atacar a democracia brasileira. “É inaceitável que a oposição queira rasgar a Constituição do Brasil encaminhando um processo de impeachment da presidente que não tem qualquer fundamento legal”, disse Silva. E acrescentou: “É necessário um fato determinado e todos que leram a peça sabem que ali, o que temos, é um panfleto de oposição à presidente Dilma.”

Segundo o deputado, a abertura do processo de impeachment é um golpe à democracia. “É um absurdo querer tirar uma presidente por revanchismo, porque perderam nas urnas. Democracia é respeitar a vontade da população brasileira”, completou Silva, anunciando que deverá recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF). “Se a Câmara e o Senado se curvam ao golpe, temos que reagir e buscar caminhos para garantir a estabilidade democrática e as regras do jogo”, rebateu.

Meta fiscal
Para a líder do PCdoB, deputada Jandira Feghali (RJ), também trata-se de revanchismo, pois não há fato determinado para justificar um pedido de afastamento da presidente Dilma Rousseff. Ao comemorar a aprovação nesta quarta-feira do PLN 5, que ajusta a meta fiscal do governo, Feghali disse que caem por terra os argumentos de que Dilma cometeu irregularidades. “É bom dizer que a votação do PLN 5 arrasa, coloca por terra qualquer argumento de irregularidade do governo Dilma em 2014 ou em 2015”, disse a deputada.

“O deferimento do processo pelo ainda presidente da Câmara não tem base nenhuma. A decisão foi eminentemente política. Pela comemoração de parte da oposição, parece-me que, daqui a pouco, eles vão tomar um champanhe com o deputado Eduardo Cunha”, insinuou a deputada, colocando em suspeita a autoridade de Cunha para decidir sobre o processo contra Dilma Rousseff.

Feghali comentou ainda que os ritos de impeachment definidos por Cunha foram derrubados pelo STF. “Não há rito para conduzir um pedido de impeachment, a não ser que elaboremos outra lei ou que o rito seja definido pelo Supremo Tribunal Federal”, finalizou.

Retaliação
Para o deputado Henrique Fontana (PT-SP), a decisão de Cunha de deliberar hoje sobre o pedido de impeachment foi uma retaliação à disposição do PT de defender, no Conselho de Ética da Casa, a continuidade do processo que pede a cassação dele por quebra de decoro parlamentar. “Como o deputado Eduardo Cunha percebeu que o Conselho de Ética vai dar prosseguimento ao processo contra ele, ele resolveu acolher o pedido de impeachment que eu chamo de golpe”, disse.

Reportagem – Murilo Souza
Edição – Pierre Triboli

A reprodução das notícias é autorizada desde que contenha a assinatura 'Agência Câmara Notícias'.