Política e Administração Pública

Votação de MP mostrou que Câmara não será paralisada, diz Cunha

Para o presidente, prisão de Delcídio do Amaral é um assunto do Senado e não afeta os trabalhos da Câmara

25/11/2015 - 19:17  

J. Batista/Câmara dos Deputados
Presidente da Câmara, dep. Eduardo Cunha (PMDB-RJ) concede entrevista
Eduardo Cunha: "Vencemos a obstrução. Eles mostraram que não têm votos para paralisar a Casa."

O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, disse que a votação em Plenário da Medida Provisória 691/15, na noite de terça-feira (24), mostrou que os defensores do seu afastamento da Presidência não têm votos para paralisar os trabalhos da Casa.

“Foram para a obstrução e não conseguiram paralisar a Câmara, foram derrotados. O único efeito que conseguiram foi unir a base do governo toda para derrotar parte da oposição. Mostraram que eles não têm votos para paralisar a Casa, e a votação foi absolutamente normal, absolutamente tranquila. Vencemos a obstrução. Já enfrentamos aqui obstruções de muito maior intensidade; isso é normal; não é problema, é da política”, disse o presidente, em entrevista coletiva no Salão Verde nesta quarta-feira (25).

Senador Delcídio
Cunha explicou que as votações da Casa não foram prejudicadas pela prisão do senador Delcídio do Amaral (PT-MS), já que o dia seria dedicado à pauta do Congresso Nacional, e não da Câmara. Diante do episódio em torno de Delcídio, o presidente do Senado, Renan Calheiros, cancelou a sessão do Congresso que havia sido marcada para a manhã desta quarta-feira.

“Não tenha dúvida de que é um processo que acaba afetando a Casa como um todo; mas, independentemente do que aconteceu lá [no Senado], cumprimos a nossa previsão da semana e votamos a MP 691/15”, disse Cunha.

Conforme lembrou o presidente, de qualquer maneira a pauta da Câmara continuaria trancada pelo Projeto de Lei 3123/15, que fixa novas normas para o cálculo do teto constitucional de remuneração do servidor público: “Com essa confusão, a Liderança do Governo cancelou as reuniões para negociar o texto. Não há consenso e, independentemente do que aconteceu lá, não teríamos como votar, porque o projeto tranca a pauta.” Por isso, segundo ele, a sessão da Câmara também foi cancelada nesta quarta.

Cunha não quis comentar a prisão do senador Delcídio. “Estou acompanhando, mas não tenho os autos, não sei a motivação, não tenho condições de opinar e não o faria. Cabe ao Senado. O Senado vai receber os autos, debater esse assunto e se posicionar de forma coletiva”, concluiu.

Reações
O episódio em torno de Delcídio do Amaral repercutiu entre os parlamentares. O líder do DEM, deputado Mendonça Filho (PE), destacou que a prisão de um senador durante o exercício do mandato é inédita na história da República.

"Eu não quero aqui julgar o senador, mas é um fato gravíssimo. As alegações são muito graves — ele estava planejando fuga de delator, mesada para delator. Então, é uma trama que nem filme policial tem condição de definir; é de fazer inveja aos roteiros de Hollywood", afirmou Mendonça Filho.

O líder do governo, deputado José Guimarães (PT-CE), observou que o imperativo para o Palácio do Planalto é votar as matérias relacionadas à revisão da meta fiscal, mas admitiu o impacto da prisão do senador.

"A gente não pode deixar de estar abalado, até porque é um amigo, é um senador atuante e todo o mundo fica se perguntando o que fazer agora. É um fato importante, inusitado, e, evidentemente, vamos aguardar o que o Senado poderá fazer", disse Guimarães.

Da Redação/JPJ

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