Salão Verde tem tumulto em torno de painel pró-impeachment de Dilma
04/11/2015 - 20:22

Líderes de quatro partidos de oposição (PSDB, DEM, PPS e SD) fixaram nesta quarta-feira (4) um painel com cerca de 6 metros de largura por 2 metros de altura, no Salão Verde da Câmara dos Deputados, para colher assinaturas de deputados que apoiam o início do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Por volta das 17 horas, 45 deputados haviam assinado o painel.
De acordo com os líderes, o objetivo foi mostrar à população quais deputados apoiam publicamente o afastamento da presidente. Eles disseram que o “painel pró-impeachment” serve para pressionar o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, a concluir a análise de todos os pedidos de afastamento ainda sem despacho.
“É um ato das oposições, em consonância com a sociedade civil organizada, contra este governo corrupto e mentiroso. Não é um governo de coalizão, é um governo de cooptação”, disse o líder do PSDB, deputado Carlos Sampaio (SP).
Segundo o deputado Hugo Leal (Pros-RJ), vice-líder do governo, não há motivos para justificar a abertura de processo de impeachment de Dilma. “Há muita tranquilidade em relação à presidente da República. Não vejo nenhum dado consistente que possa comprometê-la, não há nenhum fato relevante; e, não havendo embasamento, não há como prosseguir esse tipo de processo”, destacou. “É necessário haver provas líquidas e fortes; fora isso, o que existe é uma disputa política. Manifestações e cartazes não podem ser motivos de temor para nenhum parlamentar”, concluiu Leal.
A deputada Moema Gramacho (PT-BA) acusou os opositores de Dilma de terem “indignação seletiva”.
No último dia 21, um novo pedido de afastamento de Dilma Rousseff foi subscrito pelos juristas Hélio Bicudo, Miguel Reale Jr. e Janaína Paschoal. Com o apoio de 43 movimentos da sociedade civil, o pedido é o 28º apresentado à Câmara neste ano. Vinte já foram arquivados e oito ainda estão em análise.
Tumulto
Concluída a manifestação, o painel foi retirado do Salão Verde pela Polícia Legislativa por ordem do presidente Eduardo Cunha, com base no Ato da Mesa Diretora nº 69 de 2010, que regulamenta a afixação de cartazes e afins nas dependências internas e externas da Casa. Antes da retirada, houve um tumulto com empurra-empurra e troca de ofensas entre parlamentares e manifestantes contrários e a favor do impeachment.
“Eu admiti a presença do painel apenas durante a manifestação, para que ele acontecesse, como aconteceu, de forma legítima. E determinei a retirada por entender que a Casa, nem o seu Salão Verde, devem ser palcos permanentes de panfletos ou de qualquer coisa do gênero, seja para o lado A ou B”, explicou Eduardo Cunha. “O que acontece é que foram executar a minha ordem na marra, antes da Polícia Legislativa, e isso também não posso aceitar. Então, vamos instaurar a sindicância devida para apurar os fatos e as imagens”, acrescentou.
Cunha ressaltou que apenas manifestações pacíficas são permitidas na Casa. “Certamente, quem cometeu ato de violência vai responder pelas agressões. Se for funcionário, vai ser punido, talvez até possa vir a ser demitido se comprovada a participação em ato de violência”, informou.
Durante a entrevista do presidente, um dos manifestantes atirou nele notas falsas de dólares, com a imagem de Cunha. Para o presidente, essa é uma ação isolada que não vai afetar a condução dos trabalhos na Câmara. “Fui agredido e vou instaurar sindicância para apurar”, comentou Eduardo Cunha.
Contas públicas
Para o líder do DEM, deputado Mendonça Filho (PE), há evidências de que a presidente Dilma Rousseff cometeu crime por desrespeitar a Lei de Responsabilidade Fiscal. O Tribunal de Contas da União (TCU) recomendou a rejeição das contas presidenciais de 2014, por considerar que houve desrespeito à Constituição e às normas fiscais do País.
“Nós realizamos esta mobilização com o propósito de intensificar os esforços para que, neste mês de novembro, tenhamos uma definição por parte da Câmara dos Deputados e do presidente da Casa com relação ao pedido de impeachment da presidente Dilma”, disse Mendonça Filho.
O líder da Minoria, deputado Bruno Araújo (PSDB-PE), destacou que o painel dá visibilidade ao posicionamento de cada deputado em relação ao assunto “Quando qualquer brasileiro perguntar qual é a posição de um parlamentar sobre o início do processo de afastamento da presidente Dilma, esta será a fonte de consulta que estará todos os dias nas redes sociais à disposição de todos”, disse Araújo.
Questionado se também haverá um painel para colher assinaturas pedindo a cassação do presidente da Câmara, o líder da Minoria disse entender que Cunha deve ter o direito de defesa antes de qualquer pedido de afastamento.
“Vamos aguardar a apresentação de defesa do presidente no Conselho de Ética, em um processo que já se iniciou na Câmara”, ponderou. “O que nós queremos aqui é que seja aberto também o processo de afastamento da presidente Dilma Rousseff, para que, assim como Cunha, ela possa se defender”, acrescentou Bruno Araújo.
Também participaram do lançamento do “painel pró-impeachment” os líderes do PPS, Rubens Bueno (PR); e do Solidariedade, deputado Arthur Oliveira Maia (BA), entre outros parlamentares. O ato foi comemorado por cerca de 10 manifestantes que há uma semana seguem algemados a uma pilastra no Salão Verde da Câmara em protesto pelo impeachment de Dilma Rousseff.
Da Reportagem
Edição – João Pitella Junior