Segurança

Especialistas estão preocupados com segurança cibernética durante grandes eventos

17/09/2015 - 18:51   •   Atualizado em 17/09/2015 - 19:26

Luiz Alves / Câmara dos Deputados
Audiência pública sobre Segurança Cibernética de Estado. Chefe da Divisão de Operações do Centro de Defesa Cibernética do Exército, Cel. Paulo Roberto de Araújo Castro Vianna
Coronel Paulo Roberto Vianna: a capacitação de pessoal e o desenvolvimento de tecnologias nacionais são preocupações constantes.

Representantes do governo federal ligados às áreas de defesa e de segurança da informação concordaram que o componente humano pode ser decisivo no enfrentamento e no combate a crimes cibernéticos - praticados pela internet.

Para o diretor do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Segurança e das Comunicações (CPESC) da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Otávio Cunha da Silva, a proteção contra esses crimes depende 60% das pessoas, 20% de tecnologia e 20% de perseverança.

“Depende muito mais de educação para diminuir esse fosso que existe entre os usuários normais e os criminosos. Eles [os criminosos] vivem disso e a população precisa usar a internet”, disse Otávio Silva, que participou nesta quinta-feira (17) de audiência pública sobre a segurança cibernética de Estado na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Crimes Cibernéticos.

Conhecimento dos perigos
Segundo Silva, muitas pessoas costumam clicar em links de e-mails e aceitar diversos aplicativos sem saber o que estão fazendo. “Você dá ‘agree’ concordando com o dispositivo sem perceber ou entender o que ele vai fazer na sua máquina”, disse Silva, defendendo que o usuário “inocente” precisa conhecer os perigos escondidos na internet.

Em relação à rede de computadores da administração pública, o diretor do Departamento de Segurança da Informação e Comunicação do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI), Marconni dos Reis Bezerras, disse que os ataques são comuns e frequentes. “Há uma ênfase maior no abuso de sítio [invasão de páginas para alterar seu conteúdo], também chamado de pichação de sites públicos do governo, com 23% das ocorrências e, em segundo lugar, estão os sites falsos, com 21% dos registros”, disse.

Criptografia
Bezerras apontou como fator crítico na área de segurança das informações governamentais o recrutamento e a capacitação de profissionais.

Em resposta ao deputado Leo de Brito (PT-AC), ele comentou as revelações de Edward Snowden - ex-agente da Agência Nacional de Inteligência dos Estados Unidos (NSA) -, que disse que a NSA era capaz de interceptar, em qualquer lugar do mundo, qualquer informação veiculada por meios eletrônicos. “Diante de tudo que se soube da NSA à época, perguntamos ao especialista norte-americano James Benford, em sua vinda ao Brasil, como evitar o acesso a informações sigilosas. Ele respondeu: só criptografando tudo”, recordou Bezerras.

Luiz Alves / Câmara dos Deputados
Audiência pública sobre Segurança Cibernética de Estado. Presidente da CPI, dep. Mariana Carvalho (PSDB-RO)
Mariana Carvalho: nas Olimpíadas vamos ter grande número de ataques de roubo de senha, de uso de cartões de credito de outros países. Temos que nos preparar para garantir segurança a todos os usuários que vão estar aqui.

Sobre o conhecimento acumulado em criptografia, o diretor da Abin, Carlos da Silva, destacou o empenho do CPESC em criar um sistema inviolável, para ser usado nas redes de comunicação e de informações do País. “Nossa expertise foi desenvolver nossa própria criptografia, que até se tornou uma palavra comum. Quanto mais se entender sobre isso melhor. Nós temos o privilégio de ter hoje centros que trabalham com isso”, reforçou Silva, citando aplicações exitosas do sistema, como na proteção dos dados das urnas eletrônicas usadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Grandes eventos
Por sua vez, a presidente da CPI, deputada Mariana Carvalho (PSDB-RO), quis saber quais são os desafios do governo brasileiro no enfrentamento a crimes cibernéticos especificamente em grandes eventos, como as Olimpíadas.

“No período dos Jogos Olímpicos, nós vamos ter um grande número de ataques de roubo de senha, de tentativas phishing e de usar cartões de credito de outros países. Temos que nos preparar para garantir segurança a todos esses usuários que vão estar aqui, inocentes ou não”, disse o diretor da Abin, Carlos da Silva.

De acordo com o chefe da Divisão de Operações do Centro de Defesa Cibernética do Exército, coronel Paulo Roberto de Araújo Castro Vianna, a capacitação de pessoal e o desenvolvimento de tecnologias nacionais são  preocupações constantes.

Como ação efetiva, ele citou a criação do Centro de Defesa Cibernética (CDCIBER) para atuar em grandes eventos sediados no País, como a Rio+20, os Jogos Pan-americanos, a Copa do Mundo de 2014 e, bem breve, as Olimpíadas de 2016. “No âmbito da Defesa, existe todo um planejamento voltado para a área de defesa cibernética e de outras temáticas. Estamos evoluindo agora para a segurança cibernética, que envolve outros entes e infraestruturas críticas, de energia e de transportes,”, disse Vianna.

Reportagem – Murilo Souza
Edição – Regina Céli Assumpção

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