Segurança

Ministério Público relata ameaça a testemunhas de matança de cães no Pará

20/08/2015 - 19:43  

O subprocurador-geral do Ministério Público do Pará Jorge de Mendonça Rocha afirmou nesta quinta-feira (20) que há relatos de ameaça a testemunhas que acusam o prefeito de Santa Cruz do Arari (PA), Marcelo Pamplona, de exterminar e maltratar cachorros de rua. O subprocurador foi ouvido pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Maus-Tratos de Animais.

Lucio Bernardo Junior/Câmara dos Deputados
Audiência pública e tomada de depoimentos, com a finalidade de esclarecer a matança de cães que teria ocorrido na cidade de Santa Cruz do Arari/PA. Subprocurador-geral, área Jurídico-Institucional, do Ministério Público do Pará, Jorge de Mendonça Rocha
Mendonça Rocha: "O prefeito utilizou embarcação para transportar animais e lançá-los no rio"
De acordo com Mendonça Rocha, três testemunhas de acusação do caso temiam represálias por parte do prefeito e também de seu irmão, Luis Pamplona. Uma dessas testemunhas, Lucas Pardal da Costa, foi assassinada, mas ainda não há provas sobre a ligação do caso à morte.
Quando estiveram perante o júri, as outras duas testemunhas, Benedito Corrêa e Simão da Costa, mudaram os depoimentos iniciais que confirmavam as acusações sobre Marcelo Pamplona e negaram a participação do prefeito. Porém, ao serem acusados de falso testemunho, eles confessaram que foram ameaçados e confirmaram a versão dos primeiros depoimentos prestados à polícia.

Conduta do prefeito
Jorge de Mendonça Rocha afirmou que o processo criminal já está perto do fim. O processo civil, que julga a improbidade administrativa do prefeito Marcelo Pamplona, tramita de forma mais lenta, mas o subprocurador não tem dúvidas quanto à má conduta do prefeito.

"O prefeito utilizou a embarcação para transportar os animais e lançá-los no rio. Ele utilizou verba do município para pagar a importância de R$ 5 por cada cachorro macho e R$ 10 por cada cadela. E mais, utilizou também servidores públicos do município para fazer a perseguição desses animais. Então, está bem claro, na minha opinião, a conduta improba desse gestor", disse o subprocurador-geral.

Outra testemunha do caso, Juka Sobreiro, que faz parte de uma organização não governamental de proteção aos animais, disse que é comum em outros municípios da Ilha do Marajó a prática de maus-tratos e extermínio de cães. Ele afirmou à CPI que o irmão do prefeito, Luis Pamplona, lhe disse que, na próxima vez, iria ter mais cuidado para não ser filmado ao maltratar os animais.

"O irmão do prefeito disse para mim, na recepção do Ministério Público: 'Da próxima vez eu faço bem feito, ninguém vai filmar’. Ele não entendeu o erro dele, o erro para ele foi ter sido filmado. Ele não percebeu que o erro foi matar os animais", disse Sobreiro.

Visita ao Pará
O deputado Goulart (PSD-SP) sugeriu que a CPI vá ao Pará para pressionar pelo afastamento de Marcelo Pamplona da prefeitura de Santa Cruz do Arari.

"Deveríamos agendar uma visita lá no Pará, para pressionarmos pela cassação rápida desse prefeito e mostrarmos que não temos medo de ameaças. E, com a presença da CPI no Pará, certamente a imprensa trará mais luz para essa situação. As pessoas precisam respeitar mais os animais", disse o deputado.

O prefeito de Santa Cruz do Arari foi chamado para prestar esclarecimentos à CPI, mas justificou a ausência por ter recebido o convite em cima da hora. Ele será chamado mais uma vez para esclarecer as dúvidas dos deputados.

Reportagem – Pedro Campos
Edição – Pierre Triboli

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