Política e Administração Pública

Falta de respostas de depoentes irrita integrantes da CPI da Petrobras

20/08/2015 - 14:09   •   Atualizado em 21/08/2015 - 10:57

Luis Macedo / Câmara dos Deputados
Audiência Pública para tomada de depoimentos
Depoentes foram orientados por seus advogados a não responder as perguntas dos integrantes da CPI da Petrobras

A falta de respostas de depoentes convocados pela CPI da Petrobras irritou os integrantes da comissão. Raul Henrique Srour, da corretora Districash, e Fernando Heller, controlador da corretora TOV, foram orientados por seus advogados a não responder as perguntas. Eles são investigados por operações ilícitas de câmbio pela Operação Lava Jato. Srour, acusado de ligação como doleiro Alberto Youssef, disse que não tem envolvimento com irregularidades na Petrobras.

Srour chegou a discutir com o deputado Altineu Côrtes (PR-RJ), um dos sub-relatores da CPI, depois de se recusar a falar sobre seu envolvimento no escândalo do Banestado e com a doleira Nelma Kodama, que o acusou de envolvimento em operações ilícitas de câmbio por meio de operações fictícias de importação usadas para justificar o envio de dinheiro para o exterior – maneira de lavar dinheiro usado em pagamento de propina.

“Eu me sinto vítima nessa história. Não conheço ninguém. Fui investigado na Operação Casablanca e não na Lava Jato. Não sei se é maldade ou se vocês não se aplicaram para se informar direito”, disse Srour. “Não desrespeite a CPI. Se tem algum bandido aqui é o senhor”, reagiu o deputado Altineu Côrtes.

Kodama, que é ligada a Youssef, comandava um grupo responsável por abrir empresas de fachada e enviar dinheiro para o exterior por meio de operações fictícias de importação. Um operador ligado a Kodama, Lucas Pacce, confirmou à CPI a existência de brechas legais e de falhas na fiscalização da atividade dos doleiros.

Corretora investigada
Fernando Heller é controlador da corretora TOV, também acusada de irregularidades por Nelma Kodama. Em depoimento à CPI, ela acusou a corretora de fazer fechamentos de câmbio de forma ilícita. A TOV está sendo investigada pelo Banco Central por suspeitas de operações ilícitas de câmbio.

Kodama acusou a TOV de aceitar fazer fechamento de dólares para uma empresa de importação fictícia, a Mezuma Três Irmãos Alimentos, que sequer tinha autorização para importar produtos (documento chamado Radar).

Diante da falta de respostas dos depoentes, os deputados se recusaram a fazer perguntas. “O senhor está mentindo”, disse o deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), relator da CPI, a Raul Sour.

Próximos passos
Integrantes da CPI da Petrobras vão se encontrar hoje, às 18h30, com o ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal. A reunião faz parte de uma estratégia de aproximação com os ministros, que tem concedido decisões liminares favoráveis em pedidos de habeas corpus de depoentes que pedem para permanecer em silêncio.

Eles se reuniram semana passada com o ministro Celso de Melo e devem se encontrar na próxima semana com o ministro Luís Roberto Barroso. Zavascki é o relator dos inquéritos que envolvem políticos com as irregularidades na Petrobras, abertos a pedido do Ministério Público.

Viagem a Curitiba
A CPI marcou ainda uma nova viagem a Curitiba (PR), onde estão presos os acusados da Operação Lava Jato. Eles pretendem ouvir presos e fazer novas acareações nos dias 31 de agosto, 1º e 2 de setembro. Antes, a comissão vai se reunir para votar requerimentos de convocação para justificar alguns desses depoimentos – caso do ex-ministro José Dirceu, que está preso em Curitiba e não teve ainda pedido de convocação aprovado.

Acareação
Na próxima semana, está prevista ainda uma acareação entre o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. Os dois são delatores da Operação Lava Jato, mas divergem em alguns pontos em relação ao esquema de corrupção na Petrobras. Costa, por exemplo, afirma que houve propina destinada à campanha eleitoral da presidente Dilma Rousseff em 2014, o que Youssef nega.

Reportagem – Antonio Vital
Edição – Newton Araújo

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