Deputados da CPI da Petrobras defendem o presidente da Câmara
20/08/2015 - 14:07

Deputados da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras defenderam nesta quinta-feira (20) o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que teve pedido de convocação feito pelo deputado Ivan Valente (Psol-SP).
Valente cobrou mudanças na condução da comissão e as convocações de Cunha e outras pessoas mencionadas em investigações a respeito de pagamento de propina em contratos de arrendamento de navios-plataforma pela Petrobras, como o empresário Júlio Camargo, o policial civil Jayme de Oliveira e a ex-deputada Solange Almeida.
“A CPI está blindando essas pessoas”, disse Valente. Ele cobrou também explicações do deputado André Moura (PSC-SE), um dos sub-relatores da comissão, a respeito da contratação da empresa Kroll, que custou R$ 1 milhão à Câmara.
Moura também reagiu às declarações do deputado. “Quando contratamos uma empresa não sabemos qual será a conclusão da investigação. [Valente] é um falso paladino da moralidade”, disse.
Coincidência
O deputado Carlos Marun (PMDB-RS) defendeu o presidente da Câmara. “É muita coincidência surgirem essas denúncias depois do ritmo que Eduardo imprimiu à Câmara. O doleiro Alberto Youssef também mencionou a presidente da República Dilma Rousseff, e nada foi feito sobre isso. E onde estão as denúncias sobre a compra da refinaria de Pasadena? Onde estão as denúncias sobre irregularidades em Abreu e Lima [refinaria em Pernambuco]?”, perguntou.
O presidente da CPI, deputado Hugo Motta (PMDB-PB) também reagiu às críticas de Valente relativas à condução das investigações. “Temos um cronograma a seguir, e não é uma denúncia do Ministério Público que vai mudar nosso foco e nem seu interesse político de prejudicar seus adversários”, disse Motta, se dirigindo ao deputado do Psol. Ele se referia à expectativa de denúncia contra Cunha pelo Ministério Público Federal.
Mudanças nas prioridades
Hugo Motta também teve uma discussão áspera com o deputado Júlio Delgado (PSB-MG), que também cobrou mudanças nas prioridades da CPI, com a convocação de pessoas mais diretamente ligadas ao esquema descoberto pela Operação Lava Jato, como Júlio Camargo.
“Todo mundo vê que a CPI está indo por água abaixo”, disse Delgado. Motta reagiu. “Causa estranheza suas colocações, principalmente porque o senhor é um dos poucos aqui que não podem cobrar explicações à CPI. Pelo contrário, o senhor é que deve explicações, já que, como membro da CPMI da Petrobras, no Senado, não se furtou a ir pedir dinheiro para campanha para uma das empresas investigadas”, disse Motta, se referindo à menção de Delgado no depoimento do empresário Ricardo Pessoa, da empreiteira UTC.
Em acordo de delação premiada, Pessoa disse que fez doações de campanha a Delgado, que defende a convocação do empreiteiro e pediu para permanecer como integrante da comissão para poder participar do interrogatório. “Eu não devo nada”, disse Delgado.
A condução dos trabalhos da CPI também foi criticada na sessão de hoje pelos deputados Altineu Côrtes (PR-RJ) e Eliziane Gama (PPS-MA).
Reportagem – Antonio Vital
Edição – Newton Araújo