PT luta para ficar com a relatoria da CPI que investigará empréstimos do BNDES
04/08/2015 - 17:54 • Atualizado em 04/08/2015 - 18:22

“Estou trabalhando nisso desde sexta-feira. Não estamos reivindicando presidência, mas a relatoria da CPI do BNDES. Quero escutar o meu bloco e reivindicar esse direito. Não estamos tirando relatoria de ninguém, estamos propondo que o PT relate a investigação sobre o BNDES”, afirmou. A oposição trabalha para que o PR, do mesmo bloco do PT, indique o relator da comissão.
Segundo os líderes do PPS, deputado Rubens Bueno (PR), e do DEM, deputado Mendonça Filho (PE), nesta segunda-feira (3) à noite, líderes de vários partidos, tanto da base aliada quanto da oposição, estiveram com o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, e definiram quem deve ficar à frente de cada uma das quatro CPIs que começam os trabalhos neste mês. O PT não participou da reunião.

De acordo com Eduardo Cunha, não houve convite formal para um jantar em sua casa, mas os líderes partidários foram até a sua residência oficial após o jantar oferecido pela presidente Dilma Rousseff no Palácio da Alvorada.
“Eu não fiz jantar ontem, eu ia fazer almoço hoje. O que aconteceu foi que o jantar lá acabou muito cedo e eles acabaram indo naturalmente conversar, bater papo e acabou se juntando todo mundo que estaria no almoço de hoje, então não tinha sentido fazer o almoço”, afirmou.
Quatro CPIs
No final do primeiro semestre legislativo, Cunha criou três CPIs: a do BNDES; a que investigará maus-tratos contra animais; e a terceira, sobre crimes cibernéticos no País. Essas CPIs já estão recebendo indicações dos partidos. Além disso, há a CPI dos fundos de pensão que deve começar na próxima semana, após o fim da CPI do Sistema Carcerário.
“A grande maioria dos partidos se uniu para que as principais posições fossem distribuídas pelos critérios de representatividade, e o PT se isolou”, disse o deputado Mendonça Filho. Ele anunciou ainda que a oposição articula para que o PSDB presida a CPI dos crimes cibernéticos, deixando a presidência da CPI do BNDES com o PMDB e a dos maus-tratos contra animais com o PSD.
A CPI do BNDES deve ser presidida pelo deputado Marcos Rotta (PMDB-AM), informou o líder do PMDB, deputado Leonardo Picciani (RJ).
Virar a mesa
O líder do governo, deputado José Guimarães (PT-CE), prometeu reverter um eventual isolamento do PT nas relatorias. “Você sabe o que é virar a mesa no sertão do Ceará? Você não aceita a imposição de ninguém”, comentou. Segundo ele, não há argumento plausível “para que um partido forte como o PT” fique fora das relatorias das CPIs.
Para Guimarães, o presidente da Câmara, ao discutir a pauta, deveria convidar todos os líderes partidários, sem exclusão. O líder do governo disse que haverá uma reunião ainda hoje dos partidos do bloco (PT, Pros, PSD e PR) para definir as lideranças nas CPIs.
“O PT não está excluído de todas as CPIs, o PT está na CPI da Petrobras. Você tem de analisar o conjunto de cinco CPIs presentes, está se instalando quatro. Os outros partidos querem participar também, é natural, faz parte do jogo. Por que o PT tem de ficar com tudo?”, afirmou Eduardo Cunha.
Afastamento
O líder do Psol, deputado Chico Alencar (RJ), se disse surpreso por ter sido o único a comentar sobre a necessidade de afastamento de Eduardo Cunha durante as investigações das denúncias de que o presidente da Câmara teria recebido 5 milhões de dólares de propina, como falou o ex-executivo da Toyo Setal Júlio Camargo em sua delação premiada nas investigações da Operação Lava Jato.
Cunha nega as acusações. Nesta terça-feira, o presidente da Câmara não quis comentar sobre possibilidade de afastamento do cargo e afirmou que esse tema não estava em sua pauta. Para Sibá Machado, a decisão sobre sair ou não da Presidência é de “foro íntimo” de Cunha. “Não vejo fato para que ele tenha de sair.”
Impeachment
Eduardo Cunha negou ainda ter discutido durante a reunião na noite desta segunda-feira qualquer pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff. “É completamente diferente alguém fazer um comentário e se discutir o tema. Esse tema não esteve em discussão. O que esteve em discussão foi pauta, pauta e CPI.”
Reportagem – Tiago Miranda
Edição – Newton Araújo