Convidados contam que abusos na infância os levaram a relações homossexuais
24/06/2015 - 21:44

Cinco pessoas que sofreram abusos na infância e adolescência contaram, em audiência pública da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados realizada nesta quarta-feira (24), suas histórias de como tiveram relacionamentos homossexuais e depois se casaram com pessoas do sexo oposto. Ao longo dos depoimentos, todos afirmaram que não eram realmente homossexuais, mas heterossexuais que tiveram relacionamentos com pessoas do mesmo sexo.
Um deles foi o pastor, conferencista e escritor Joide Pinto Miranda. Ele afirmou que sofreu abuso dos 6 aos 7 anos de idade, mas teria sido a ausência paterna o motivo de seus relacionamentos homossexuais. “Aos seis anos fui abusado por um advogado, tentei contar para o meu pai, mas ele não tinha tempo para mim.”
Miranda contou que saiu de casa aos 12 anos e foi atuar como travesti primeiro em São Paulo e depois na Europa. Por um pedido da mãe, voltou ao Brasil e deixou a profissão. “Nunca fui doente quando era homossexual, mas tinha a alma dilacerada. Na verdade eu nunca fui gay, nasci hétero, mas a vida me levou para esse caminho”, disse.
A estudante de Psicologia e radialista Raquel Guimarães também disse que sofreu abuso. Segundo ela, isso ocorreu dos 8 aos 15 anos e, aos 11 anos, começou a sentir o desejo por mulheres. “Passei a rejeitar a imagem de homem. Não me sentia bem e não conseguia ver um futuro feliz ao lado de um homem.”
Triplo preconceito
O especialista em políticas sobre drogas e mestre em Saúde Pública Claudemiro Soares Ferreira afirmou que os chamados ex-homossexuais sofrem um preconceito triplo. “Antes ele era discriminado pela sociedade heterossexual e agora ele é tanto pela hétero, que não acredita nele, como pela sociedade LGBT, que também não acredita, e porque a maioria das pessoas deixou a homossexualidade a partir da experiência religiosa.”
Para a psicóloga especialista em Saúde Mental e Filosofia de Direitos Humanos, escritora e conferencista Marisa Lobo, os programas de televisão ridicularizam os ex-homossexuais porque não sabem como eles são por dentro. “Essas pessoas são seres humanos e devem ser respeitadas”, disse.
Na avaliação do pastor, cantor evangélico e conferencista Robson Alves, falta ajuda psicológica para quem vive relacionamentos homossexuais, mas não se sente feliz assim. “Recebi indicação da psicóloga para viver minha homossexualidade, mas eu não era feliz. A pessoa que quer deixar de ser homossexual, ela pode deixar”, ressaltou.
O pastor, professor e radialista Arlei Lopes Batista disse que não foi transformado em heterossexual. “Para desconstruir a homossexualidade no meu processo, eu precisava entender quem eu era. Alguém me ajudou a tratar os gatilhos que me levaram à homossexualidade”, declarou. Segundo ele, os impulsos sexuais pelo mesmo sexo teriam surgido por ter sido rejeitado no ventre pela mãe, que gostaria de ter tido uma filha. “Até os três anos ela me vestiu como uma menina, e isso trouxe uma confusão.”
Reportagem – Tiago Miranda
Edição – Marcos Rossi