Indústria e trabalhadores relatam dificuldades após escândalo na Petrobras
11/06/2015 - 17:51
O diretor financeiro do Sindicato dos Petroleiros da Bahia, André Santana destacou, nesta quinta-feira (11), o impacto da redução dos investimentos da Petrobras após a eclosão da Operação Lava Jato. Segundo ele, foram afetadas sobretudo pequenas cidades que se organizaram em torno de projetos da estatal – é o caso, citou, de Maragojipe (BA), que abriga um estaleiro para produção de equipamentos de exploração petroleira.
Santana disse que a estatal já vinha como um modelo de gestão “meramente economicista” muito antes das investigações da Polícia Federal. “A empresa já vinha se distanciando do seu papel fundamental de trazer desenvolvimento para a sociedade brasileira, com responsabilidade social", criticou, em audiência pública na Câmara dos Deputados promovida pela Comissão de Fiscalização Financeira e Controle.
Desemprego
O presidente do Sindicato Nacional da Indústria da Construção Naval (Sinaval), Ariovaldo da Rocha, acrescentou que há a previsão de fechamento de estaleiros em várias outras cidades, como Angra dos Reis e Niterói, no Rio de Janeiro. Cerca de 14 mil pessoas estão desempregadas naquela redondeza. "Infelizmente, o setor só tem praticamente um cliente no País, que é a Petrobras. Por isso, estamos buscando alternativas no exterior", comentou.
Rocha também se queixou de dificuldade na liberação de novos financiamentos após os escândalos de corrupção na estatal.
Por sua vez, o gerente-executivo da Petrobras, Ivanildo de Almeida e Silva, explicou, durante o debate, que muitas dos problemas enfrentados por estaleiros responsáveis pela construção de sondas e plataformas estão relacionados a dificuldades financeiras da empresa Sete Brasil, uma das investigadas na Lava Jato.
Pré-sal
Por sua vez, o presidente da subcomissão especial da Lava Jato, deputado Jorge Solla (PT-BA), manifestou preocupação com possíveis perdas de oportunidades na exploração do pré-sal.
De acordo com Solla, a falta de respostas da Petrobras e dos agentes financiadores, como o BNDES, geram rumores de retrocesso, como de fim do contrato de partilha e a substituição do privilégio do conteúdo nacional pela contratação internacional, sobretudo de empresas da China.
Reportagem – José Carlos Oliveira
Edição – Marcelo Oliveira