Economia

Deputado classifica de covarde ausência de autoridades para discutir crise naval

21/05/2015 - 14:44  

Antonio Augusto / Câmara dos Deputados
Audiência pública sobre a crise da indústria naval no Brasil
Na Comissão de Minas e Energia, sindicalista afirmou que podem ocorrer mais 30 mil demissões na indústria naval nos próximos três meses.

O deputado Nelson Marchezan Júnior (PSDB RS) classificou de “absoluta covardia” o não comparecimento do ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, do presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, e do presidente do BNDES, Luciano Coutinho, na audiência pública da Comissão de Minas e Energia que discutiu a crise da indústria naval brasileira. “O ministro – disse – nem mesmo respondeu ao convite. E isto terá consequências nesta Casa. Vou convocá-lo para se explicar nesta comissão”.

A Petrobras e o BNDES mandaram dois assessores técnicos que expuseram, ao lado do presidente do Sindicato da Indústria Naval Brasileira, Ariovaldo Santana da Rocha, o quadro atual com 12 mil desempregados e um cenário, segundo o dirigente sindical, que pode caminhar para mais 30 mil nos próximos três meses, se não forem tomadas providências urgentes.

Embora os debates e as exposições se estendessem por três horas e meia, Nelson Marchezan Júnior, autor do requerimento de convocação, disse que o setor não recebeu “uma resposta verdadeira” dos principais responsáveis, ausentes na audiência.

Papel estratégico
Paulo Sérgio Rodrigues, assessor da presidência da Petrobras, disse que “a indústria naval tem papel estratégico” nos planos da empresa, que chegou a investir 48 bilhões de dólares no setor em 2013. E que hoje o Brasil tem 10 estaleiros ativos e quatro em construção. Mas reconheceu que os investimentos caíram em 2014 e que a empresa reestuda seus planos para o futuro, não só pelos escândalos da operação Lava Jato, mas pelo “novo cenário mundial do petróleo”.

A chefe do Departamento de Óleo e Gás do BNDES, Priscilla Branquinho das Dores, disse que o banco tem contratado R$ 40 bilhões em financiamento no setor. O representante sindical, depois de lembrar que o BNDES é o agente principal da indústria e a Petrobrás seu maior cliente, disse que “não vivemos uma crise hoje, mas uma situação de mercado que levará à crise”.

Marchezan insistiu que “o governo se acovardou” ao não comparecer para dar uma resposta ao setor. “Não são apenas as empresas, mas os estados e municípios que compraram a ideia de crescer junto com a indústria naval, investiram na promessa. Agora estão ‘pendurados no pincel’ sem saber se mandarão a escada”.

O deputado Bebeto (PSB-BA) disse que a política de conteúdo nacional no setor estimulada pelo governo precisa ser regulada de forma a se adaptar à competividade do mercado. Para o deputado Marcelo Matos (PDT RS), a Petrobras precisa garantir que cumprirá os contratos e os planos anunciados para acalmar a indústria naval e seus milhares de empregados.

Reportagem – Roberto Stefanelli
Edição – Newton Araújo

A reprodução das notícias é autorizada desde que contenha a assinatura 'Agência Câmara Notícias'.