Política e Administração Pública

Deputados divergem quanto ao depoimento de Barusco sobre propina ao PT

10/03/2015 - 15:00  

A afirmação feita pelo ex-gerente de Tecnologia da Petrobras Pedro Barusco de que parte da propina paga por empresas que tinham contrato com a estatal foram repassadas ao tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, provocou discussão na CPI da Petrobras.

“Partidos como o PSDB estão gostando deste depoimento em que o depoente não explica tudo e diz meias verdades. Ele não sabe para onde foi o dinheiro e não quer explicar se tem interesses em empresas internacionais”, disse a deputada Maria do Rosário (PT-RS).

Ao responder pergunta do deputado Delegado Waldir (PSDB-GO), Barusco confirmou afirmação feita por ele em depoimento prestado à Justiça Federal no processo de delação premiada em que menciona pagamento ao PT para a campanha eleitoral de 2010.

Ele disse, em depoimento, que em 2010 Renato Duque (então diretor de Serviços da Petrobras, ao qual Barusco era subordinado) pediu ao empresário Júlio Faerman, representante da empresa holandesa SBM, US$ 300 mil como “reforço” de campanha eleitoral, “provavelmente” a pedido de João Vaccari Neto, quantia que teria sido “contabilizada” por ele como “pagamento destinado ao PT”.

“Aqueles 300 mil dólares que eu mencionei como reforço de campanha eram para a campanha eleitoral de 2010.”, disse Barusco à CPI.

Ele detalhou nos depoimentos propinas pagas por conta dos contratos da empresa Setebrasil, contratada pela Petrobras em 2011 para construir sondas de perfuração do pré-sal. Ele disse que a propina era distribuída da seguinte maneira: 2/3 para Vaccari e 1/3 para a “Casa” – ou seja, para os diretores da Setebrasil: Barusco, João Carlos de Medeiros Ferraz (presidente da Setebrasil) e Eduardo Musa (diretor de Participações).

“Quem combinou estes percentuais e onde vocês se encontravam?”, perguntou o deputado. “Eu comparecia em alguns encontros com Vaccari, normalmente em hotéis”, disse Barusco. “Mas quem deu procuração a Vaccari para arrecadar a propina?”, perguntou o deputado. “Eu não sei quem deu procuração para Vaccari atuar nas empresas, mas o fato é que ele operava”, respondeu.

Barusco explicou à Polícia Federal que recebia propinas de maneira sistemática da SBM entre 2000 e 2003, período em que era gerente de Tecnologia de Instalações. Ele disse que, nesse período, recebia quantias que variavam entre US$ 25 mil a US$ 50 mil por mês.

Em 2007, segundo ele, foi firmado outro contrato entre a SBM e a Petrobras, dessa vez para o fornecimento de um navio-plataforma chamado P57, um contrato de R$ 1,25 bilhão. Barusco era então gerente executivo de Engenharia e recebeu 1% do total entre 2007 e 2010. Ele disse que recebeu, só pelos contratos entre a Petrobras e a SBM, US$ 22 milhões entre 1997 e 2010.

Ele disse à Justiça que, entre 2003 e 2011, houve pagamento de propinas para ele, Barusco, bem como para João Vaccari e Renato Duque, relativo a cerca de 90 contratos de grande porte da Petrobras. À CPI, Barusco disse não saber como Vaccari atuava, ou seja, como operacionalizava o dinheiro recebido.

Reportagem - Antônio Vital
Edição - Newton Araújo

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