Agropecuária

Nova ministra da Agricultura quer ampliar a classe média rural

Primeira mulher a ocupar o cargo, Kátia Abreu defende maior apoio técnico aos pequenos produtores rurais.

05/01/2015 - 20:41   •   Atualizado em 05/01/2015 - 21:25

Agência Brasil
Kátia Abreu
Kátia Abreu: grande maioria de produtores rurais ainda está nas classes D e E.

A nova ministra da Agricultura, senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), recebeu na tarde desta segunda-feira (5) o cargo em cerimônia ao lado do ex-titular da pasta Neri Geller. Em seu discurso, a ministra se comprometeu em duplicar a classe média rural e reforçar o apoio técnico aos pequenos produtores rurais.

“Serei obstinada em ampliar a classe média rural. A exemplo do que ocorreu nas cidades, a meta é dobrar o contingente de produtores na classe C, atualmente em 800 mil. Dos 5 milhões de produtores no País, a grande maioria, cerca de 70%, está nas classes D e E, com baixo acesso ao crédito. A vida é um mutirão de todos, é dever do Estado criar oportunidades, para que todos sejam autores de suas próprias vidas”, afirmou.

Um dos deveres do Estado, segundo Kátia Abreu, é preencher as “lacunas de revolução do conhecimento no campo”, com o mapeamento dos microterritórios, cuja finalidade é expandir a rede nacional de assistência técnica e rural defendida pela ministra.

Pioneirismo
Kátia Abreu foi a primeira mulher a liderar a bancada ruralista no Senado Federal. Ela também inaugurou a presença feminina no comando da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em 2008. Nas eleições de outubro, foi reeleita pelo PMDB para novo mandato no Senado. Antes de assumir a vaga no Senado, ela foi deputada federal.

Plano Safra
Ao falar sobre os avanços da pasta, o ex-ministro Neri Geller ressaltou o apoio da Frente Parlamentar da Agropecuária na implantação do Plano Safra que, nas palavras do ex-ministro, movimentou R$ 156 bilhões, grande parte desses recursos voltados aos pequenos produtores. “Saio como ministro discreto, como meus antecessores o foram, tenho certeza de que a nova ministra, pelo perfil e atuação no Congresso para a aprovação do Código Florestal, vai fazer um grande trabalho”, afirmou.

A solenidade de posse ocorreu ao ar livre, em espaço reservado ao lado do Ministério da Agricultura, como em março de 2014, ocasião em que o antigo ministro assumiu o cargo.

Kátia Abreu lembrou de pontos da política agrícola que considerou “emblemáticos”, como a criação da Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater) para incentivar o pequeno produtor brasileiro (instituída pelo Decreto 8.252/14); a aprovação do Código Florestal e da MP dos Portos; e a fixação de juros mais compatíveis com a atividade agrícola.

Equilíbrio
Segundo a ministra, a gestão irá privilegiar o equilíbrio entre produtores brasileiros de alimento, como forma de expandir a “guerra verde”, termo que Kátia Abreu usou para se referir à produção agrícola e inserir o País no mercado internacional.

“A produção e a exportação do agronegócio são partes fundamentais na estabilidade da economia. No plano interno, abastecendo o mercado a preços estáveis. E, no plano externo, produzindo dezenas de milhões de dólares em superavits comerciais”, declarou.

“A redução do crescimento da demanda dos países desenvolvidos pode reduzir os preços, mas o espaço para elevar a produtividade não está esgotado. Temos de equilibrar os diversos interesses do setor produtivo, a fim de nos abrirmos para o mundo. Isso tem um preço, mas vale a pena pagá-lo”, defendeu a ministra.

Modernização
Para Kátia Abreu, a chave para que o “mundo rural se torne um continente de prosperidade, em vez de ilha” depende da ampliação de investimentos na logística do Eixo Arco Norte, da malha hidroviária e portuária.

“É preciso superar a crise do setor sucroalcooleiro, com incentivos de crédito rural e avanços em infraestrutura para ajustar a oferta às demandas. Assumo o compromisso em dobrar a área de irrigação nos próximos quatro anos. Estamos aproveitando, atualmente, 17% do nosso percentual”, disse.

Kátia Abreu também defendeu maior “confiabilidade na padronização e transparência para os produtos brasileiros (rebanho nacional e produtos vegetais)”. Ela lembrou o sucesso do sistema PGA (Plataforma de Gestão Agropecuária) na troca de informações de exportadores brasileiros demandadas pelos clientes dentro e fora do País e do Cadastro Ambiental Rural, que abrange o uso do solo e as atividades produtivas.

“Eu recebi a determinação para realizar programas de revolução, de modernização, de eficiência em prol do fim da burocracia”, afirmou. Nesse sentido, a ministra se comprometeu a inaugurar a Escola Brasileira da Agricultura e Pecuária, para aprimorar o conhecimento técnico dos servidores.

Reportagem – Emanuelle Brasil
Edição – Pierre Triboli

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