Saúde

Deputado diz que o Brasil não está preparado para um surto de ebola

Ministro da Saúde diz que o País permanece em alerta e garante que as ações adotadas pelo governo conferem proteção sanitária como poucos países conseguem realizar.

14/10/2014 - 13:42  

O deputado Mandetta (DEM-MS), integrante da Frente Parlamentar da Saúde da Câmara dos Deputados, disse hoje que o sistema brasileiro de vigilância epidemiológica para detecção do vírus ebola é eficiente, mas apenas para notificação. "Um cidadão chegar de uma área de epidemia, como foi o caso desse cidadão, e não ter sido sequer abordado do ponto de vista sanitário e colocou em risco uma série de pessoas em todo esse caminho”, critica referindo-se ao caso do africano Souleymane Bah, de 47 anos, que foi o primeiro caso suspeito da doença no Brasil. Ontem, o segundo exame realizado no africano também deu negativo.

Agora, o africano, que está internado no Rio de Janeiro, terá alta ao paciente e serão suspensas todas as medidas de monitoramento das pessoas que tiveram contato com ele.

Na opinião do parlamentar, o governo não está preparado para o surto de ebola, pois os profissionais não estão capacitados e não têm equipamentos de proteção de biossegurança necessários. “Estamos numa situação de vulnerabilidade muito intensa do ponto de vista sanitário", afirma Mandetta.

Ontem, o ministro da Saúde, Arthur Chioro, disse que, apesar do resultado negativo, o alerta continua. “Entendemos que se trata de uma enfermidade com risco pequeno entre nós, mas que não pode ser descartada e, portanto, as medidas de prevenção, de vigilância continuarão sendo empreendidas com bastante seriedade por todos os gestores municipais, estaduais de saúde, e profissionais que atuam na vigilância em portos e aeroportos."

Mandetta, no entanto, classifica a fala do ministro como pirotecnia para dar uma sensação da cobertura que, segundo ele, não foi feita.

Entenda o caso
O africano Soulemayne Bah saiu da Guiné no dia 18 de setembro e chegou ao Brasil no dia seguinte. Seguiu de ônibus para a Argentina e, ao voltar ao Brasil, pediu refúgio num posto da Polícia Federal em Santa Catarina. No dia 24, foi para Cascavel, no Paraná, e se hospedou em um albergue com dois africanos. No último dia 9, procurou uma Unidade de Pronto Atendimento com febre e, no dia seguinte, foi levado ao Rio de Janeiro em um avião da FAB e encaminhado ao Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, ligado à Fiocruz. Seguindo o protocolo da Organização Mundial de Saúde, fez dois testes. Os dois deram negativo.

Nesta semana, será divulgada uma nota conjunta dos ministérios da Saúde e do Turismo para orientar turistas sobre os ricos do ebola e os cuidados necessários para evitar o contágio. Segundo Arthur Chioro, 59 brasileiros se encontram nos três principais países africanos com surto da doença. São 32 brasileiros na Guiné, 25 na Libéria e 2 em Serra Leoa.

Reportagem - Luiz Cláudio Canuto
Edição – Natalia Doederlein

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