Política e Administração Pública

Russomanno elege quatro deputados; Tiririca elege dois

06/10/2014 - 09:49   •   Atualizado em 06/10/2014 - 16:55

Arquivo - Elton Bomfim
Celso Russomanno
Russomano já foi deputado federal por quatro vezes.

O deputado mais votado de São Paulo, Celso Russomanno, que obteve 1,5 milhão de votos, elegeu sozinho mais quatro deputados, além de si próprio. O segundo colocado, deputado Tiririca (PR), com pouco mais de 1 milhão de votos, elegeu sozinho dois deputados, além de si próprio.

Russomanno elegeu o cantor sertanejo Sergio Reis (45,3 mil votos); Beto Mansur (31,3 mil), Marcelo Squasoni (30,3 mil) e Fausto Pinato (22 mil). Todos são do PRB, já que o partido não fez coligação.

Tirica elegeu Capitão Augusto (46,9 mil votos) e Miguel Lombardi (32 mil), ambos do PR, que também não se coligou.

São Paulo, que é o maior colégio eleitoral do Brasil, com 20,99 milhões de votos válidos, teve o quociente eleitoral fixado em 299,9 mil votos. O quociente eleitoral é a quantidade de votos necessária para eleger um deputado, e é definido pela divisão do número de votos válidos pelo número de vagas de determinado estado na Câmara dos Deputados.

O deputado federal mais votado do Rio, Jair Bolsonaro (PP), teve votos suficientes para eleger 2,8 deputados (incluindo ele mesmo). Ou seja, além de se eleger, trará mais um apenas com seus votos. A segunda deputada federal mais votada do Rio, Clarissa Garotinho (PR), com 335 mil votos, elegeu mais um deputado.

O Rio de Janeiro, com 7,6 milhões de votos válidos, teve um quociente eleitoral 165.558 votos.

Eleitos com votos próprios
Segundo levantamento do Departamento Intersindicial de Assessoria Parlamentar (Diap), apenas 35 deputados foram eleitos em 2014 com seus próprios votos, sem necessidade de somar os votos dados à legenda ou de outros candidatos de seu partido ou coligação. O número é praticamente o mesmo de 2010, quando foram 36 parlamentares nessa situação.

O diretor do Diap, Antônio Augusto de Queiroz, analisou que o sistema atual, somado ao quadro de pulverização partidária e formação de alianças no País, leva a um baixo índice de representatividade do mandato individualmente.

"Na Câmara, muitas gente se elege com a votação muito pequena. Tivemos, na região Norte, pessoas eleitas com menos de 10 mil votos. O que é um contraste. É um fenômeno que se mantém e é muito pequeno esse número de pessoas que consegue sozinho alcançar o quociente eleitoral."

Sobras
Queiroz lembrou que, além do quociente eleitoral, o cálculo de vagas a que cada partido ou coligação tem na Câmara leva em consideração as chamadas "sobras". Por essa conta, depois de uma primeira distribuição das cadeiras por partido, a vaga que sobrar ficará com a legenda ou coligação que obtiver a maior média calculada pelos votos insuficientes para sozinhos alcançarem mais uma vaga divididos pelo número de cadeiras conquistadas mais um.

"Eu acho que uma mudança necessária seria permitir que os partidos que não atingiram o quociente eleitoral possam participar das sobras. Eu me lembro que uma eleição no Mato Grosso, o propositor da Emendas das Diretas Já, Dante de Oliveira, ele sozinho teve mais voto que toda a bancada eleita de seu estado. Só que ele não se elegeu porque o partido ao qual estava filiado, PDT, não atingiu o quociente eleitoral."

As propostas de reformas política e eleitoral em tramitação na Câmara preveem várias alternativas a esse modelo.

Reportagem – Wilson Silveira e Ana Raquel Macêdo
Edição - Natalia Doederlein

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