Mães contam casos de crianças adotivas que foram retiradas delas após longa guarda provisória
Em audiência pública na na Comissão de Direitos Humanos e Minorias, mães e pais por adoção contaram como tiveram que devolver suas crianças às famílias biológicas, por decisões judiciais, após longos períodos de guarda provisória.
29/05/2014 - 13:35
Leilane e Márcio Dias criam sua filha Rafaela, de 2 anos e 8 meses, desde o nascimento. Mas há sete meses a Justiça decidiu pela devolução da criança aos genitores, que resolveram recorrer ao Judiciário para ter a criança de volta. “Tiraram Rafaela de mim de forma brutal, ela nunca havia dormido longe de mim, não a conheciam, não sabiam de que ela gostava, o que ela comia, soube que ela teve vários dias de febre emocional”, conta Leilane.
A Justiça deu o direito de visitação aos pais por adoção a cada 15 dias. “Todos os dias, quando tenho que entregá-la, ela chora e pede para não ir”, continua Leilane. “Sou uma mãe que perdeu uma filha, a filha ainda está viva, pede socorro, e não posso fazer nada. Não importa o que a Justiça disse, eu sou a mãe de Rafaela.” O pai Márcio conta que a família da genitora já os ameaçou de morte. “Se eu tiver que morrer para ter a Rafaela de volta, eu vou morrer”, diz.
A genitora de Nicolas, hoje com 5 anos, abandonou-o no hospital, e Edna Aparecida Passos acolheu a criança, após consultar não apenas a genitora, como tios e avó do menino. O pai era desconhecido. A genitora passou o direito de guarda para ela. Ela entrou com pedido de adoção quando a criança tinha 3 anos - segundo ela, esperou esse período por orientação da Justiça de Coronel Fabriciano (MG), onde mora.
A genitora, dependente química, começou então a querer extorquir dinheiro dela, ameaçando-a de retirar a criança, e ela se recusou a pagar qualquer quantia. E a genitora então disse que iria retirar a criança dela. Uma juíza determinou que a criança ficasse com a genitora, há 43 dias. “Só eu cuidei dele desde que ele nasceu. Hoje ele tem 5 anos, ele nunca tinha dormido uma noite antes sem mim”, conta Edna.
“A criança foi arrancada do seio da família que ela sempre conheceu”, afirmou a deputada Liliam Sá (Pros-RJ), que pediu a audiência. Ela disse que vai enviar pedido de esclarecimento sobre os casos ao Conselho Nacional de Justiça e ao Conselho Nacional do Ministério Público.
Reportagem - Lara Haje
Edição - Rachel Librelon