Ipea: decisão de enviar técnico à Venezuela foi do Palácio do Planalto
21/05/2014 - 17:40

O presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Sergei Suarez Dillon Soares, afirmou em audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional que a escolha da Venezuela para receber um escritório do órgão foi feita pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “O Ipea não tem a autonomia de uma universidade, ele é um órgão do Poder Executivo”, disse. O instituto mantém há cinco anos um escritório no país vizinho.
Segundo Soares, a ideia inicial, defendida pelo ex-ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Samuel Pinheiro Guimarães, era de realizar estudos conjuntos com Angola e Venezuela, mas apenas a segunda parceria vingou. O pesquisador detalhou que os temas abordados pela parceria abrangem assuntos como transportes, educação e indústria petrolífera. “Não foram feitos estudos sobre a Venezuela. Não cabe ao Ipea estudar outro país, mas apenas os temas relacionados com os interesses brasileiros”, explicou.
Soares negou que exista regra legal ou estatutária que impeça o técnico Pedro Silva Barros que dar declarações de qualquer natureza. Ele não soube esclarecer, contudo, se Barros é representante legal do instituto na Venezuela ou apenas um técnico exercendo atividade lá. O pesquisador reafirmou também que Pedro Barros não fala em nome do instituto. Ainda que para Soares, o técnico tem todo direito à livre expressão.
Mídia x Venezuela
Durante audiência pública da Comissão de Relações Exteriores, Barros defendeu também que existe um preconceito da mídia brasileira quanto ao governo venezuelano e que houve uma cobertura parcial dos conflitos ocorridos no país vizinho.
O deputado Alfredo Sirkis (PSB-RJ) censurou as declarações partidárias feitas pelo técnico. “Se existem duas facções em confronto, não cabe a alguém em missão oficial do governo brasileiro ficar tomando partido sobre a responsabilidade por mortes em confrontos de estudantes com forças de repressão”, afirmou, acrescentando que “todo mundo sabe quem matou as 40 pessoas naqueles confrontos na Venezuela.” Para o parlamentar, trata-se de uma questão óbvia, pois quem representa uma instituição governamental no exterior deveria adotar uma postura semelhante àquela adotada por diplomatas.
O deputado Ivan Valente (Psol-SP) respondeu pelo técnico, afirmando que existem “forças paramilitares venezuelanas de direita” e defendendo que apenas o embaixador do Brasil na Venezuela está proibido de fazer declarações políticas sobre o país vizinho.
Reportagem – Juliano Machado Pires
Edição – Janary Júnior