Economia

Comissão que investiga denúncia de propina na Petrobras aprova relatório parcial

Colegiado teve dificuldades para fazer investigações, pois não tem poderes para convocar testemunhas nem quebrar sigilos. Texto aprovado faz indicações à CPI da Petrobras no Senado para ouvir depoimentos de suspeitos.

21/05/2014 - 15:51   •   Atualizado em 21/05/2014 - 19:38

Dep. Maurício Quintella  (PR-AL)
Maurício Quintella Lessa coordena a comissão externa sobre propinas na Petrobras.

A comissão externa da Câmara que investiga denúncias sobre propinas supostamente pagas pela empresa holandesa SBM Offshore a servidores da Petrobras aprovou nesta quarta-feira (21) o relatório parcial do coordenador do grupo, deputado Maurício Quintella Lessa (PR-AL).

Lessa entregou o documento ao presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras no Senado, senador Vital do Rêgo (PMDB-RN). “A comissão externa regimentalmente tem limites, nós não podemos fazer convocação, fazer quebra de sigilo bancário e fiscal. Chegamos agora a um momento em que é preciso trabalhar em cooperação com a CPI”, disse Lessa.

Vital agradeceu a entrega dos dados e o trabalho paralelo da comissão especial, “que pode ajudar um dos eixos que temos de investigar”.

Sugestão
O texto do colegiado faz indicações para que a CPI possa convocar pessoas como o ex-diretor de Abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa. Acusado de chefiar um esquema de lavagem de dinheiro que movimentou cerca de R$ 10 bilhões da construção da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, Paulo Roberto chegou a ser preso na operação Lava Jato da Polícia Federal, mas foi solto esta semana pelo ministro do STF Teori Zavascki.

De acordo com o relatório, a comissão encontrou dificuldades para realizar as investigações por não ter poderes para convocar testemunhas, nem quebrar sigilos telefônico, fiscal e bancário. A CPI tem poderes para avançar nas investigações.

Quebra de sigilos
Os membros da comissão externa também recomendaram a quebra dos sigilos telefônico, fiscal e bancário do então representante da SBM Offshore no Brasil, Julio Faerman. Ele seria o intermediário do pagamento de propina a servidores da estatal.

No dia 9 de abril, a comissão aprovou convite a Faerman para falar sobre essas denúncias. O relatório também pede a quebra dos sigilos das empresas de Faerman: Farcom Energia Ltda., Oildrive Consultoria em Energia e Petróleo Ltda.

“Desvendar para onde foi encaminhado e direcionado o dinheiro recebido por Julio Faerman e respectivas empresas, a título de ‘comissão’, é o principal meio de se descobrir o que aconteceu na Petrobras”, diz o texto.

A comissão externa, que começou os trabalhos em abril, sugere que a CPI solicite à Justiça Federal todas as informações da Operação Lava Jato.

Viagem desnecessária
Os parlamentares consideraram ser desnecessária uma viagem a Holanda agora, pois o Ministério Público (Openbaar Ministerie) daquele país ainda não avisou da abertura de investigação contra a SBM Offshore.

A comissão irá, amanhã, ao Paraná e ao Rio de Janeiro para ouvir o juiz Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal, e o procurador Renato Silva Oliveira, que coordena as investigações sobre o caso no Ministério Público Federal.

Entenda o caso
A SBM Offshore fornece equipamentos à Petrobras e teria pagado propina para conseguir contratos de locação de plataformas petrolíferas entre os anos de 2005 e 2012.

Em abril, a companhia holandesa divulgou um comunicado no qual afirma que, em investigação interna conduzida por um conselho independente, não foram encontrados indícios de pagamentos irregulares a funcionários públicos no Brasil.

No comunicado, a SBM confirma que pagou 139 milhões de dólares em comissões para um agente, e não como propina a funcionários da Petrobras. Mas um ex-funcionário da empresa afirma que esse valor teria sido pago por meio de outras empresas que trabalhavam como representantes comerciais da SBM no Brasil.

Reportagem – Tiago Miranda
Edição – Newton Araújo

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