Educação, cultura e esportes

Técnicos de futebol defendem, em audiência, mesmo tratamento de jogadores

Comissão do Esporte discutiu alterações na regulamentação da profissão de técnicos de futebol.

06/05/2014 - 18:06  

Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados
Audiência pública sobre as sugestões de alterações na Lei 8.650/93 (Lei dos Treinadores) e na Lei nº 9.615/98 (Lei Pelé), oferecidas pela CBF
Técnicos de futebol afirmaram que 80% dos profissionais não têm contrato com os clubes onde trabalham.

Os técnicos de futebol querem ser tratados pelos clubes como são tratados os jogadores. Essa reivindicação foi apresentada em audiência pública da Comissão do Esporte, que discutiu proposta, ainda em elaboração, que altera a regulamentação da profissão.

Vagner Mancini, do Botafogo, e Zé Mário, presidente da Federação Brasileira de Treinadores de Futebol e ex-técnico do Flamengo, Fluminense, Vasco e mais uma extensa lista de times brasileiros e estrangeiros, enfatizaram a fragilidade dos vínculos dos técnicos com os clubes.

Para normatizar o assunto, o deputado José Rocha (PR-BA) informou que deve apresentar proposta para alterar a Lei dos Treinadores de Futebol (8.650/93) e Lei Pelé (9.615/98) até a próxima semana.

Sem contrato
Mancini disse que 80% dos profissionais não têm sequer contrato com os clubes onde trabalham, o que dificulta demais qualquer processo para cobrar seus direitos trabalhistas. Ele considera um absurdo os técnicos não terem sequer registro na Confederação Brasileiro de Futebol (CBF).

O treinador defende que os técnicos também recebam direito de imagem porque eles fazem parte do espetáculo do futebol. Mas ele diz que os clubes festejam muito o técnico quando ele entra, mas não têm problemas em dispensá-los sem direito a nada.

"Quando ele sai, ele é desmoralizado. Ele já está numa situação difícil diante da sua saída, da exposição à mídia e ainda acaba tendo de aturar uma série de coisas, entre elas, ter de entrar na Justiça para ter direito àquilo que deveria ser o seu direito", disse Mancini.

Jogador e treinamento
O autor da futura proposta que regulamenta a profissão dos técnicos de futebol, deputado José Rocha, diz que o texto vai prever que, para atuar como técnico, o profissional tenha atuado antes como jogador por, no mínimo, três anos e tenha feito um treinamento dado pelo sindicato da categoria e reconhecido pela CBF.

Já o contrato deverá ser de, no máximo, dois anos e, caso os treinadores sejam demitidos por vontade do clube, tenham direito a receber todo valor devido até o fim do contrato.

Rocha explicou que a Comissão do Esporte procurou ouvir todos os interessados na proposta, mas, mesmo convidados, os representantes dos clubes e da justiça desportiva, não compareceram.

Profissionalização
O treinador Zé Mário defendeu que todos os envolvidos com o futebol se profissionalizem, de jogadores a técnicos, auxiliares e juízes. Ele disse que o registro profissional é muito importante para assegurar o reconhecimento profissional.

"Quando perde é o treinador, quando ganha é o jogador, mas a formação técnica desses jogadores é feita pelos treinadores", ressalta.

Reportagem – Vania Alves
Edição – Newton Araújo

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