Para deputado, despejar Embrapa Cerrados é “jogar a ciência pelo ralo”
22/04/2014 - 22:51

O vice-presidente da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural Luiz Carlos Heinze (PP-SC) enfatizou que é preciso buscar uma alternativa para evitar a transformação em zona urbana da área atualmente usada para a pesquisa no cerrado da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). “Não me parece que o problema seja tão grave que eles não possam encontrar outra área para isso (moradia) sem precisar interromper décadas de pesquisa científica de altíssimo nível", disse
Em audiência pública conjunta das comissões de Agricultura e de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática, o parlamentar lembrou que, há um século, a falta de pesquisa fez com que o Brasil deixasse de ser o maior produtor mundial de borracha. "Trata-se de um patrimônio nacional. Não podemos perder o trem da História".
Para Heinze, perder um trabalho científico, com os poucos recursos existentes para pesquisa, é como “jogar ciência pelo ralo”.
Para o deputado Vitor Penido (DEM-MG), moradia é uma questão importante, mas não a única e um governo que a poucos meses da eleição fala em projetar milhares de habitações está fazendo demagogia. "O Brasil precisa é de mais planejamento e não de destruir aquilo que está dando certo."
Patrimônio
O deputado e ex-ministro da Agricultura Reinhold Stephanes (PSD-PR) lembrou que a discussão sobre a ocupação do cerrado vem desde a década de 1970. "A Embrapa Cerrado ficava há dezenas de quilômetros de qualquer área habitada naquela ocasião, mas já se discutia como aproveitar melhor o cerrado. De lá para cá, o Brasil deixou de ser importador de alimentos para se transformar em um grande exportador", afirmou.
Stephanes acrescentou que em sua opinião a Embrapa deveria ser tombada como patrimônio mundial pela contribuição que dá e já deu para o combate à fome no mundo. "Ele revoluciona a agricultura em todos os continentes."
Também a deputada Erika Kokay (PT-DF), que é filiada ao partido do governador do DF, questionou a medida. “Qual é o País que se quer construir? No meu entender a política habitacional é importantíssima para o progresso do País, mas não na área da Embrapa do Cerrado."
Kokay sugeriu que as comissões encaminhem ao GDF uma declaração pedindo que se busque alternativas viáveis para que não se despeje a Embrapa. "Precisamos preservar a ciência e buscar outros espaços para atender à demanda habitacional”, defendeu.
Reportagem - Juliano Machado Pires
Edição – Regina Céli Assumpção