Política e Administração Pública

Governo e oposição voltam a trocar acusações sobre necessidade de CPI

15/04/2014 - 16:55   •   Atualizado em 15/04/2014 - 19:52

As divergências políticas entre oposicionistas e parlamentares da base aliada ao governo ficaram evidentes na fase de debates da audiência pública com a presidente da Petrobras, Graça Foster, que durou seis horas. A executiva prestou esclarecimentos sobre denúncias envolvendo a empresa, em especial a compra da refinaria de Pasadena, nos EUA, em 2006.

Para a oposição, a presença da executiva no Parlamento não exclui a necessidade de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI). Eles atacaram fortemente o que consideram corrupção, má gestão e a consequente perda de valor da companhia. “Ao contrário do que disse a presidente Dilma Rousseff, aqui não se encontram aqueles que querem destruir a Petrobras, mas os que querem salvá-la. Os números são implacáveis: dívida elevada, valor reduzido de mercado e com acionistas minoritários invocando seus direitos. Nos últimos anos, houve loteamento de cargos, propina, superfaturamento e desvio de dinheiro público”, afirmou o senador Alvaro Dias (PSDB-PR).

Defesa
Em defesa da estatal, o líder do governo, senador Eduardo Braga (PMDB-AM), reforçou que a empresa é motivo de orgulho para os brasileiros. Para ele, os oposicionistas não vão conseguir atingir a Petrobras de "forma politiqueira". “Claro que há erros no mundo dos negócios, mas a diferença é que a Petrobras é uma empresa sólida, que existe há muitos anos e haverá de existir por muitos outros, pois não há dúvidas sobre a transparência desta gestão”, argumentou.

O senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) rebateu negando que o episódio seja apenas um “joguete político” e indagando por que o Conselho de Administração da Petrobras – que tem como função examinar com zelo as ações da empresa – não observou cláusulas contratuais importantes na compra da refinaria de Pasadena.

Cunha Lima ainda questionou quem foi o responsável pela omissão e por que nenhuma providência foi tomada quando se tomou conhecimento.

Investigação
Graça Foster fez questão de ressaltar que a empresa tem colaborado com a Polícia Federal, o Ministério Público e todos os órgãos de controle que analisam a atuação da companhia. Só ao Tribunal de Contas da União (TCU), foram 16 pedidos de informações atendidas desde 2012, informou.

A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), que foi ministra da Casa Civil do governo Dilma até fevereiro, endossou a defesa. “A Operação Lava-Jato está em curso ainda e a estatal tem colaborado com a Polícia Federal. Isso mostra o quão investigada vem sendo a Petrobras. A PF nunca teve tanta liberdade para atuar”, acrescentou.

Constrangimento
Deflagrada em 17 de março, a operação investiga negócios feitos pela consultoria do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e empresas com contratos com a Petrobras.

Paulo Roberto está preso, situação constrangedora, conforme admitiu Graça Foster. “Aconteceu um grande constrangimento para a Petrobras com a prisão do ex-diretor Paulo Roberto. Mas todos os processos relacionados, os contratos relacionados a eventual ou potencial participação dele estão sendo avaliados. Todas as interfaces estão sendo apuradas. É o trabalho que nós podemos fazer, um trabalho forte de monitoramento, de melhoria da governança da companhia”, completou a executiva.

Da Redação – RCA
Com informações da Agência Senado

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