Política e Administração Pública

Gilberto Carvalho: interlocução com movimentos sociais é parte das atribuições

Ministro responde em audiência pública a acusações contra o governo e o PT.

09/04/2014 - 21:04  

Gabriela Korossy / Câmara dos Deputados
Audiência pública para esclarecimentos acerca da entrevista concedida à Revista Veja pelo ex-secretário nacional de Justiça, Romeu Tuma Jr, sobre declarações em que o ministro acusou a Polícia Militar do DF de agir de forma truculenta em conflito causado por manifestantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Ministro-chefe da secretaria-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho
Carvalho: é preciso reagir à criminalização dos movimentos sociais.

Pela segunda vez em 15 dias, o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, compareceu à Câmara dos Deputados para prestar esclarecimentos sobre sua relação com o Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Os parlamentares questionaram seu apoio ao evento promovido pelo MST em fevereiro em Brasília e também sua atuação em conflito com a polícia.

Em audiência pública da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado, o ministro afirmou que faz parte de suas atribuições a interlocução com os movimentos populares. Carvalho acrescentou que é preciso reagir à criminalização dos movimentos sociais.

O ministro disse ainda que faz parte da democracia o esclarecimento das políticas do governo e também tentar reduzir o número de conflitos. Carvalho disse que só há duas formas de responder aos movimentos sociais, a repressão como ocorreu durante a Ditadura Militar, ou a negociação.

Fiscalização
O líder da Minoria, deputado Domingos Sávio (PSDB-MG), questionou o ministro dizendo que o governo federal está calando a Polícia Federal. Carvalho respondeu que isso não é verdade e cobrou a origem das denúncias. Ele disse que o governo do PT deu voz às forças que fiscalizam as instituições como o próprio governo.

Carvalho ainda lembrou que o PT aparelhou a Polícia Federal, nomeou procuradores-gerais da República como Claudio Fonteles e seus sucessores e não "engavetadores" e criou a Controladoria Geral da União (CGU). Segundo o ministro, há mais denúncias de corrupção porque hoje esses órgãos têm independência. Ele disse que “no passado, isso não ocorreu e a compra de votos para a reeleição de Fernando Henrique Cardoso foi engavetada".

Críticas à PM
O deputado Nilson Leitão (PSDB-MT) acusou o governo de ter estimulado uma invasão do Supremo Tribunal Federal (STF) pelo MST em represália pelas condenações no processo do Mensalão. Gilberto Carvalho afirmou que o governo não teria a leviandade de promover a invasão do STF.

Com relação ao conflito que deixou vários feridos dos dois lados (PM e MST) na Praça dos Três Poderes, o ministro disse que um erro de informação foi o responsável pela violência.

Ele explicou que recebeu o MST e, quando os trabalhadores começaram a retirar cruzes para espalhar pelo local, a PM entendeu que estaria havendo a distribuição de porretes para enfrentar a polícia e avançou.

O deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) disse que é um absurdo o ministro afirmar que houve um erro da Polícia Militar ao reprimir a manifestação em frente ao Planalto e também ter acusado a PM de truculência ao reprimir a manifestação. Na opinião do deputado é evidente que o MST provocou o conflito. ”Tanto que houve 30 soldados feridos e apenas dois atingidos do outro lado.”

O ministro acrescentou que jamais criticou a PM do DF, mas apenas disse que houve um problema de informação que provocou o conflito.

Verbas publicitárias
Acusado pelo deputado Ronaldo Caiado de ter cometido crime ao apoiar a destinação de verbas publicitárias para uma feira agroecológica realizada durante o encontro do MST, Gilberto Carvalho disse que deu sua opinião em um comitê formado na Presidência para sugerir a destinação dos patrocínios das estatais. Ele acrescentou que é importante apoiar a produção familiar, assim como o governo também patrocina exposições do agronegócio.

Reportagem - Vania Alves
Edição – Regina Céli Assumpção

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