Câmara lança biografia parlamentar de Rubens Paiva
01/04/2014 - 21:11
Entre as atividades realizadas ao longo do dia para marcar o cinquentenário do golpe de 1964, a Câmara lançou hoje o livro Rubens Paiva, como parte da série Perfis Parlamentares.
De acordo com o autor, Jason Tércio, além da biografia do deputado cassado e morto pela ditadura, a obra traz informações sobre esse período histórico e, principalmente, a participação do Congresso na destituição de João Goulart da Presidência da República.
Empossado como deputado federal em 1963, Rubens Paiva ficou apenas um ano no cargo – foi cassado logo no início do período ditatorial, em abril de 1964, pelo ato institucional nº 1. Nesse curto período de atuação na Câmara, foi vice-presidente da comissão parlamentar de inquérito (CPI) que investigou gastos de campanha nas eleições de 1962 – a chamada CPI do Ibad (Instituto Brasileiro de Ação Democrática).
Suspeitava-se que o Ibad, organização anticomunista, tivesse financiado a campanha de vários candidatos. A instituição era mantida por empresários e suspeita de fazer parte da conspiração que resultaria no golpe de 1964. Segundo Jason Tércio, a história desta CPI nunca havia sido contada.
Sequestro
A publicação apresenta ainda o documento, com carimbo de confidencial, a respeito da detenção de Rubens Paiva. O documento informa que o então deputado foi levado no dia 25 de janeiro de 1971 para o Quartel General da 3ª Zona Aérea e, de lá, para o extinto Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (Doi-Codi), no Rio de Janeiro.
No dia 20 de janeiro de 1971, a casa de Rubens Paiva em Ipanema (RJ) foi invadida – o ex-deputado foi levado por militares da Aeronáutica sem mandado de prisão. Autoridades militares justificaram a detenção sob o argumento de que Paiva mantinha correspondência com brasileiros exilados no Chile. Havia a suspeita de que ele servisse de contato do Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8) e também do homem mais procurado do País, Carlos Lamarca, o que Jason Tércio desmente no livro.
O parlamentar foi dado como desaparecido pelo Exército. Oficialmente, os militares disseram que ele havia sido sequestrado ao ser levado por agentes do DOI-Codi.
Reportagem do jornal O Globo, com base em fontes da área militar, afirma que o corpo de Rubens Paiva foi enterrado e desenterrado duas vezes antes de ser jogado ao mar. O atestado de óbito de Rubens Paiva foi emitido apenas em 1995, após a publicação da Lei dos Desaparecidos Políticos (9.140/95).
Reportagem - Maria Neves
Edição – Regina Céli Assumpção