Saúde

Chioro diz que cubanos sabiam das condições que encontrariam no Mais Médicos

19/03/2014 - 20:10  

Luis Macedo / Câmara dos Deputados
Audiência pública sobre o regime diferenciado de contratação dos médicos cubanos, sobre a transferência de recursos aos Estados e sobre a política de saúde dos indígenas
A Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara ouviu o ministro da Saúde sobre o regime diferenciado de contratação de médicos cubanos.

Em resposta aos questionamentos da oposição, durante a audiência pública desta quarta-feira na Comissão de Fiscalização e Controle, o ministro da Saúde, Arthur Chioro, lembrou que os médicos cubanos que vieram ao Brasil assinaram um contrato com todos os detalhes e, segundo ele, sabiam de todas as circunstâncias que encontrariam aqui no Programa Mais Médicos.

“Respeito os argumentos do deputado, mas a Opas é uma organização internacional respeitável e com sede em Washington (EUA). Ela não é ligada ao Brasil ou a Cuba”, disse Chioro.

Ele negou também que exista perseguição contra os profissionais. “Não posso dizer quanto à situação em Cuba, mas aqui eles são livres”, garantiu. Até o momento, sete médicos cubanos abandonaram o programa. Seis deles saíram do Brasil e uma, a médica Ramona Rodrigues, pediu refúgio ao País.

Quanto à listagem de países que teriam algum intercâmbio médico com Cuba, o ministro relatou que a listagem com mais de 50 nações lhe foi entregue pela Opas, não sendo ele responsável por ela.

Liberdade
O deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) questionou ainda se existe respeito aos direitos humanos no caso da contratação dos profissionais cubanos para o Mais Médicos. “Eles não podem se casar, eles não podem passar férias em nenhum país que não seja Cuba, eles vivem em semiescravidão.” Também o líder do PSDB, deputado Domingos Sávio (MG) e o deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP) criticaram a falta de liberdade dos médicos cubanos.

Chioro respondeu que a questão do tráfico de pessoas é extremamente importante, mas esse não é o caso dos profissionais cubanos no Mais Médicos. “Aqueles médicos que decidem deixar o programa conseguem isso e não contrariam o governo brasileiro”, afirmou.

Carreira
O deputado Mandetta (DEM-MS) defendeu a criação de uma carreira médica no País e questionou o pagamento antecipado dos serviços dos médicos cubanos, algo que é, segundo ele, considerado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) como improbidade administrativa. “Pagou-se antes mais de R$ 10 mil reais por médico por mês. 5% fica com a Opas, R$ 1,5 mil com o médico e o resto não se sabe para onde vai”, disse.

O ministro respondeu que a questão não é apenas de se criar uma carreira. “Faltam médicos não apenas para o serviço público. Existe hoje uma situação de pleno emprego e não basta criar uma carreira, precisamos de mais médicos mesmo”, disse.

Também quanto ao argumento de improbidade administrativa, Chioro afirmou que o trabalho com a Opas, inclusive quanto à distribuição de vacinas, incluem pagamentos antecipados. “Na gestão de José Serra como ministro, já era assim”, lembrou.

“Precisamos urgentemente levar a medicina para o exterior. Em anos como professor, tive um aluno negro e cinco filhos de operários. Se sou de uma aldeia ou do interior, eu tendo mais a voltar lá para promover uma mudança social”, acrescentou Chioro.

Elogio à gestão
Os deputados petistas Pepe Vargas (RS), Rogério Carvalho (SE), Sibá Machado (AC), Vanderlei Siraque (SP), Weliton Prado (MG), Amauri Teixeira (BA) e o líder do partido, Vicentinho (SP), elogiaram o programa e a gestão da saúde e criticaram os argumentos apresentados pela oposição contra a gestão do Mais Médicos. “O prefeito de Salvador (BA), ACM Neto (DEM), pediu mais médicos do programa para a cidade. Os líderes da oposição falam ao vento”, afirmou Teixeira.

Já o deputado Milton Monti (PR-SP) chamou a atenção para o problema da falta de médicos no País e defendeu a contratação dos médicos cubanos. “É uma situação que precisa ser enfrentada”, disse.

Reportagem – Juliano Machado Pires
Edição – Newton Araújo

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