Economia

Centro de Estudos avalia participação do investidor-anjo em empresas inovadoras

20/11/2013 - 22:22  

No terceiro encontro do Centro de Estudos e Debates Estratégicos (Cedes) da Câmara dos Deputados sobre o tema capital empreendedor e empresas inovadoras, os parlamentares discutiram nesta quarta-feira (20) discutiram a indústria de investimentos em participações empresariais, denominadas internacionalmente como private equity, venture capital, seed capital e angel capital.

Esses quatro tipos de investimento abarcam aquisições de participações de empresas dos mais variados portes, desde aquelas em estágio embrionário, que se constituem basicamente em uma ideia traduzida em um projeto até as grandes empresas.

Durante a reunião, o professor doutor Antônio José Junqueira Botelho, coordenador Programa de Pós-Graduação em CP&RI do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj) e diretor da Gávea Angels (primeiro grupo de investidores-anjo do Brasil e da América Latina) realizou exposição acerca desse tipo de investimento.

Potencial de crescimento
Botelho explicou que a categoria do investidor-anjo engloba pessoas físicas que investem em pequenas empresas com grande potencial de crescimento, esperando ter um expressivo retorno quando essa participação é vendida. Ainda de acordo com Botelho, a especificidade do investidor-anjo é a sua atividade proativa na empresa. “Ele aporta não só o capital financeiro, mas também a sua rede de relacionamentos e toda a sua experiência profissional e tecnológica”, esclareceu. 

No Brasil, essa modalidade ainda é embrionária, com poucos investidores-anjo ou grupos desses investidores, como mostram os números apresentados por Botelho. “Na Europa, são cerca de 400 grupos; nos Estados Unidos, são mais de 3 mil, com cerca de 80 mil investimentos ao ano. No Brasil, estimamos que, anualmente, são feitos no máximo de 10 a 15 investimentos-anjo.”

Para o especialista, “há um grande fosso a ser vencido”, e isso depende de o País tomar medidas que incentivem o crescimento desses investidores e grupos. O principal ponto, na visão dele, “é reconhecer a categoria de investimento-anjo do ponto de vista legal, no sentido de qualificá-la”. Na sequência, poderia se pensar em oferecer incentivos fiscais e tributários à classe, promover a criação de fundos de coparticipação e apoiar a criação e o funcionamento de grupos de anjo, como já é feito na Europa.

Capacitação
Além de aumentar os incentivos à categoria, Botelho cita a necessidade de mobilizar e educar os investidores-anjo. “Há investidores-anjo no Brasil, mas falta capacitá-los e agregá-los, para que eles atuem de forma mais eficiente e sustentável”, concluiu.

O deputado José Humberto (PSD MG), relator do estudo sobre o Capital Empreendedor no Brasil, acredita na necessidade de uma mudança cultural, porque além do empreendedorismo é necessária a capitalização dos negócios inovadores.

O parlamentar afirmou que “os brasileiros não têm ainda a cultura dos verdadeiros mecanismos do capitalismo que aproveitam boas ideias e negócios para criar grandes empresas multinacionais”.

O presidente do Cedes, deputado Inocêncio de Oliveira (PR-PE), destacou a necessidade da ampliação de investimentos nas empresas de menor porte por meio dos investimentos em participações, pois “precisamos fazer a tecnologia chegar às pequenas e médias empresas e promover a inovação tecnológica para que elas tenham melhores condições de competir no mundo globalizado.”

Da Redação - RCA

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