Ex-técnico critica falta de interesse da CBF pelo futebol feminino
01/10/2013 - 23:24

O ex-técnico da seleção brasileira de futebol feminino vencedora da medalha de prata nas Olímpiadas de Atenas, em 2004, René Simões, afirmou que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) é o principal problema enfrentado por jogadoras e times femininos no País.
A declaração foi feita a deputados da Comissão de Turismo e Desporto da Câmara, durante audiência pública que também contou com a presença de representantes da CBF e do Ministério do Esporte.
Os participantes destacaram que o futebol feminino no Brasil ainda sofre com a falta de prestígio e de profissionalismo. René Simões disse temer que a seleção feminina de futebol não conquiste a primeira medalha de ouro de sua história nos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016, pela falta de um projeto da CBF voltado para a categoria. "Quando se pensa em esporte de alto nível, tem que se pensar nas confederações, assim como faz o vôlei, o basquete, o atletismo, como a CBF faz com o futebol masculino. O futebol feminino pertence à CBF.”
Simões reclamou que em 2004 apresentou um projeto para o futebol feminino ao então presidente da CBF, Ricardo Teixeira [presidiu a CBF entre 1989 e 2012, quando renunciou ao cargo], mas não viu resposta nem aplicação.

A medalha de prata conquistada pela seleção brasileira de futebol feminino em 2004 foi a primeira medalha olímpica de sua história.
Ligas femininas
O presidente da Associação Gaúcha de Futebol Feminino, Carlos Alberto de Souza, e o coordenador-geral do Futebol Feminino do Esporte Clube Pelotas, no Rio Grande do Sul, Marcos Planela Barbosa; defenderam a criação de ligas e de federações de futebol feminino em todos os estados.
Na mesma linha, o deputado Romário (PSB-RJ), propôs uma espécie de CBF exclusiva para cuidar da modalidade. "Definitivamente, eu acredito que, para que o futebol feminino realmente possa ter suas pernas, seus resultados positivos e crescer, tem que ser por outro tipo de confederação. Eu peço ao Ministério do Esporte que intervenha diretamente para que haja a possibilidade de uma nova confederação brasileira de futebol feminino."
Em contrapartida, o secretário nacional de Futebol e Defesa dos Direitos do Torcedor do Ministério do Esporte, Toninho Nascimento, ressaltou a iniciativa do órgão de reeditar o Campeonato Brasileiro de Futebol Feminino - que não era realizado desde 2001 - com o patrocínio de R$ 10 milhões da Caixa Econômica Federal.
As partidas começaram no mês passado e seguem até o dia 4 de dezembro. São 300 atletas e 20 clubes de 13 estados mais o Distrito Federal. Segundo Toninho Nascimento, o Ministério do Esporte quer manter o patrocínio da Caixa para repetir o Brasileirão feminino em 2014: dessa vez com a participação de clubes de grande tradição no futebol nacional.
Segundo Toninho Nascimento, a CBF gasta por ano dez vezes mais com a série D do Campeonato Brasileiro (são R$ 40 milhões) do que com todo o futebol feminino no País (são apenas R$ 4 milhões). Em relação ao Brasileirão feminino, partidas estão sendo transmitidas pelo canal Fox. O Ministério do Esporte está tentando parceira com que a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) passe a transmitir.
Projeto na Câmara
Tramita na Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público da Câmara projeto de lei (PL 5307/13), do deputado José Stédile (PSB-RS), que destina 5% de qualquer investimento público em clubes de futebol masculino para o futebol feminino.
O relator da matéria, deputado Sérgio Zveiter (PSD-RJ), já aprovou o texto original. A proposta deve ser votada pela comissão nesta quarta-feira.
Da Reportagem – RCA
Colaboração - Ricardo Viula