Política e Administração Pública

Polícia Legislativa comprova fraude em sessão de vetos dos royalties do petróleo

A decisão sobre a anulação da sessão cabe à Mesa Diretora do Congresso, que ainda não se manifestou sobre o assunto.

13/09/2013 - 13:39  

Um inquérito recém-concluído pela Polícia Legislativa atesta a ocorrência de fraude na assinatura do deputado Zoinho (PR-RJ) em sessão do Congresso que derrubou os vetos da presidente Dilma Rousseff à Lei dos Royalties do petróleo (12.734/12). A Mesa Diretora da Câmara encaminhou nesta sexta-feira (13) o resultado do inquérito ao Ministério Público Federal (MPF), para investigação.

Arquivo/ Beto Oliveira
Anthony Garotinho
Garotinho sugere que a polícia examine a assinatura de todos os deputados e senadores.

Segundo análises prévias, a assinatura atribuída ao parlamentar na lista de votação é falsa. A Polícia Legislativa não conseguiu identificar os autores da falsificação, o que caberá ao MPF.

"Sempre tive a convicção de que aquela votação havia sido fraudada. Se a polícia realmente deseja levar o caso adiante é muito simples: comece examinando a assinatura dos 513 deputados e 81 senadores que vai aparecer o autor da fraude", disse, nesta sexta-feira, o líder do PR na Câmara, deputado Anthony Garotinho (RJ).

A suspeita de fraude na assinatura de Zoinho já havia levado Garotinho, com o apoio das bancadas do Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo, a apresentar um requerimento à Mesa Diretora, em março, pedindo a anulação da votação.

Cartão de embarque
Uma matéria publicada hoje pelo site Congresso em Foco traz cópia do cartão de embarque apresentado pelo deputado Zoinho comprovando que ele voou para o Rio antes de o Plenário do Congresso ter derrubado os vetos que asseguravam aos estados produtores a exclusividade no pagamento dos royalties do petróleo. O cartão de embarque mostra que o deputado embarcou às 20h43 no voo 1629 da Gol naquela noite. A votação só começou após as 23 horas e se estendeu pela madrugada.

Leonardo Prado
Zoinho
Zoinho explica que saiu antes da votação para participar de audiência em Volta Redonda.

“Eu realmente precisei me ausentar do Plenário antes da votação porque eu tinha uma audiência marcada no fórum de Volta Redonda no dia seguinte às 10 horas. E eu comprovei tudo isso com documentos apresentados à Câmara, como passagem aérea e cópia das notificações de que eu deveria estar no fórum naquela data”, explicou Zoinho.

O deputado afirmou ainda que não tem suspeita de quem poderia ter utilizado sua prerrogativa de parlamentar para participar da sessão e defendeu a apuração do caso pela Câmara.

Entenda o caso

Em 2012, o Congresso aprovou o projeto que redistribui os recursos arrecadados a título de royalties do petróleo entre estados produtores e não produtores. Estados produtores teriam a parcela de royalties reduzida de 26,25% do total para 20%. Por outro lado, os estados não produtores passariam a ter direito a uma parcela dos recursos, ao contrário do que ocorria antes.

No entanto, em novembro a presidente Dilma Rousseff vetou cinco trechos da lei mantendo o direito a uma fatia maior dos recursos para os estados produtores, principalmente Rio de Janeiro e Espírito Santo.

Submetidos à análise do Congresso em março, os vetos foram rejeitados, impondo nova derrota aos estados produtores, que passariam novamente a ter perda de receita. A estimativa é que somente o Rio perderia R$ 2,9 bilhões.

Atualmente, uma decisão liminar concedida pela ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Cármen Lúcia suspende a decisão de repartição dos royalties a todos os estados. O plenário do Supremo ainda precisa analisar o caso e decidir se mantém em vigor ou não a sessão que retirou dinheiro dos estados produtores.

Reportagem - Murilo Souza
Edição – Natalia Doederlein

A reprodução das notícias é autorizada desde que contenha a assinatura 'Agência Câmara Notícias'.