Política e Administração Pública

Caixa: menos de 1% das unidades do Minha Casa, Minha Vida têm problema estrutural

Segundo Ministério das Cidades, responsabilidade pela escolha dos locais e oferta de infraestrutura nos conjuntos habitacionais é das prefeituras.

03/07/2013 - 19:55  

Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados
Audiência pública para esclarecimentos sobre as irregularidades em conjuntos habitacionais do Programa Minha Casa Minha Vida. Superintendente Nacional de Habitação da Caixa Econômica Federal (CEF), Roberto Carlos Ceratto
Cerrato: problemas não resolvidos pela construtora são corrigidos pela própria Caixa.

O superintendente nacional de Habitação da Caixa Econômica Federal, Roberto Carlos Ceratto, afirmou que apenas 0,8% das unidades entregues pelo Minha Casa, Minha Vida apresentaram algum problema estrutural. Até abril, informou ele, 1,225 milhão de beneficiários do programa receberam as chaves da casa própria.

O dirigente participou, nesta quarta-feira (3), de audiência pública na Comissão de Desenvolvimento Urbano que discutiu denúncias de irregularidades no programa habitacional do governo federal. De acordo com Ceratto, há cinco meses, o banco instituiu um sistema de controle de qualidade das moradias do Minha Casa, Minha Vida. Entre as ações implantadas está um serviço telefônico para atendimento aos mutuários. Anteriormente, segundo o superintendente, o primeiro contato deveria ser com a construtora.

Soluções
Ceratto acrescentou que os problemas não solucionados pela construtora são corrigidos pela própria Caixa. As incorporadoras, nesses casos, são incluídas em um cadastro restritivo e podem ser impedidas de receber novos financiamentos no programa.

Conforme o superintendente, também passaram a ser feitas vistorias semanais às obras para verificar o cumprimento dos contratos. “Nessas inspeções, avalia-se não apenas a execução dos projetos aprovados, mas também outros aspectos, como segurança pública e infraestrutura, que envolvem o empreendimento”, explicou.

Denúncias
Um dos autores do pedido de realização do debate, o deputado Heuler Cruvinel (PSD-GO) destacou que, apesar de as irregularidades serem pequenas, é necessário investigar, “uma vez que há cada vez mais exigência de qualidade nos serviços públicos”.

Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados
Audiência pública para esclarecimentos sobre as irregularidades em conjuntos habitacionais do Programa Minha Casa Minha Vida. Dep. Heuler Cruvinel (PSD-GO)
Cruvinel: é preciso exigir cada vez mais qualidade dos serviços públicos.

O deputado disse ainda que há uma série de denúncias de problemas como inadequação dos locais de construção das moradias, falta de equipamentos públicos nos conjuntos e irregularidades na vistoria dos imóveis. “A verdadeira responsável é a Caixa, que aprova os locais onde serão construídas as novas unidades habitacionais”, sustentou Cruvinel.

Responsabilidade municipal
Já a diretora do Departamento de Produção Habitacional do Ministério das Cidades, Maria do Carmo Bessane, assegurou que a responsabilidade pela escolha dos locais e pela oferta de infraestrutura e de serviços públicos nos conjuntos habitacionais é das prefeituras.

Bessane ressaltou que compete ao município calcular a demanda de equipamentos sociais, como escolas, postos de saúde e transporte, que o conjunto vai gerar. “Hoje, nenhum projeto acima de 500 unidades é contratado sem diagnóstico dos serviços públicos necessários”, observou.

Ceratto acrescentou que cada prefeito assina um contrato no qual se responsabiliza por implantar a infraestrutura necessária às novas comunidades. “O programa não pode resolver todo o problema do município. O prefeito tem de se comprometer a oferecer parte da infraestrutura”, argumentou.

Terrenos
O subsecretário de Habitação de Duque de Caxias (RJ), Kelson Senra, afirmou que uma das grandes dificuldades dos municípios é conseguir terrenos para a construção dos conjuntos habitacionais. “A especulação imobiliária pega os melhores terrenos e empurra os empreendimentos [do Minha Casa, Minha Vida] para áreas periféricas, sem equipamentos públicos”, apontou.

De acordo com Senra, também há problemas para organizar os condomínios e negociar com as incorporadoras a implementação dos equipamentos públicos. Na opinião dele, a Caixa deveria cobrar das construtoras essa infraestrutura, mesmo que os contratos sejam anteriores à Portaria 168/13, em vigor. A partir dessa publicação, as empresas já são obrigadas a oferecer esses serviços.

A audiência também foi solicitada pelo deputado Wilson Filho (PMDB-PB).

Reportagem – Maria Neves
Edição – Marcelo Oliveira

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