Política e Administração Pública

Dnit aplica novas medidas para evitar entrega de estradas com defeitos

Acórdão assinado em fevereiro entre TCU e Dnit define novos parâmetros de testes para o recebimento de obras, após constatados defeitos em dez estradas recém-pavimentadas.

03/07/2013 - 15:10  

Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados
Audiência conjunta das comissões de Fiscalização Financeira e Controle (CFFC) e de Viação e Transportes (CVT) para esclarecimentos sobre defeitos graves em obras recém-concluídas em onze rodovias federais, localizadas em nove Estados, constantes do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), conforme apontou recente Auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU). Diretor do Departamento de Infraestrutura e Logística, Marcelo Bruto
Bruto: "A empresa é notificada a refazer o serviço ou devolver os valores pagos".

O Governo está aperfeiçoando a supervisão de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para evitar a repetição de problemas em estradas recém-pavimentadas. A informação foi dada, nesta quarta-feira, pelo diretor do Departamento de Infraestrutura e Logística da Secretaria do PAC, Marcelo Bruto, em audiência pública de duas comissões da Câmara.

O foco da reunião foram as irregularidades que o Tribunal de Contas da União encontrou em obras do PAC em dez estradas recém-pavimentadas, entre 2011 e 2012. Trechos de BRs — como a 116, em Minas Gerais, e a 316 e a 230, no Maranhão — apresentaram ondulações, afundamentos, trincas e desgastes exagerados poucos dias depois de prontos, necessitando de reparos que custariam em torno de R$ 150 milhões.

Marcelo Bruto explicou que, em razão das irregularidades, o TCU e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit) assinaram um acórdão, no fim de fevereiro, definindo novas medidas de fiscalização na entrega das obras, inclusive com ensaios laboratoriais de deflexão e de irregularidade longitudinal das estradas. Elas têm sido implementadas no âmbito do programa de manutenção e recuperação de rodovias, chamado Crema. "Mudanças no contrato de supervisão estão sendo feitas desde o ano passado. Então, ver onde a gente tem que melhorar no termo de recebimento, na supervisão e na fiscalização é o esforço que tem sido feito".

O diretor afirmou que, quando se constata o defeito, a empresa responsável é notificada a refazer o serviço ou a devolver os recursos eventualmente pagos. Novos parâmetros mínimos de aceitabilidade têm sido adotados no recebimento das obras. Segundo Bruto, há 700 contratos de manutenção em curso, e os investimentos previstos até 2014 chegam a R$ 23,6 bilhões.

Investimentos maiores

Lucio Bernardo Jr. / Câmara dos Deputados
Reunião para discussão e votação do parecer do relator, dep. Valdir Colatto (PMDB-SC). Dep. Vanderlei Macris (PSDB-SP)
Macris: "Os deputados vão continuar acompanhando esses contratos".

O diretor destacou a progressão do investimento anual em manutenção de estradas, que passou de R$ 1,2 bilhão, em 2000, para R$ 3,1 bilhões, no ano passado.

Ele afirma que o País ainda tem muito a melhorar a estabilidade da malha rodoviária, mas ressaltou a pesquisa da Confederação Nacional dos Transportes que mostra que 54% das estradas brasileiras têm pavimentação em bom estado. Atualmente, o Brasil tem 55 mil quilômetros de estradas.

Autor do requerimento de audiência pública, o deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP) ressaltou que a fiscalização dos parlamentares também será intensificada. "Há obras imperfeitas, esburacadas, provocando acidentes e dificuldades grandes para a população que utiliza essas rodovias. Diz o representante do PAC que houve mudanças no critério, como foi estabelecido pelo Tribunal de Contas da União. Mas vamos continuar acompanhando isso para ver se, efetivamente, o governo está dando conta de fazer contratos bem feitos, com possibilidades reais de fiscalização".

Reportagem - José Carlos Oliveira
Edição - Patricia Roedel

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