Melhoria da saúde envolve mais do que médicos, avalia debatedora
15/05/2013 - 22:33
A presidente do Conselho Nacional de Saúde, Maria do Socorro de Souza, afirmou que aumentar somente o número de médicos “não faz milagre” para melhorar a qualidade dos serviços de saúde prestados à população. “Tem que ser pensada a necessidade da equipe multidisciplinar, com outros profissionais, como terapeutas, enfermeiras, dentistas”, afirmou.
Maria do Socorro participou nesta quarta-feira (15) do debate sobre a contratação de médicos estrangeiros promovido pelas comissões de Relações Exteriores e de Defesa Nacional; e de Seguridade Social e Família.
Na opinião de Maria do Socorro, há sim preconceito e resistência dos médicos em irem para as cidades do interior e para as periferias, o que é um problema, já que 90% dos municípios têm menos de 50 mil habitantes. Na avaliação dela, outro problema é que as faculdades de medicina não incentivam seus alunos a trabalhar no Sistema Único de Saúde (SUS), e sim em clínicas e hospitais privados.
O presidente da Comissão de Relações Exteriores, deputado Nelson Pellegrino (PT-BA), destacou que a população, principalmente do interior e das periferias, não está tendo o atendimento médico que precisa.
Ele afirmou que o objetivo da audiência é tentar encontrar uma alternativa que permita que haja médicos para atender a população, de preferência formados no Brasil, e que aqueles que vierem de fora para complementar o atendimento tenham a qualificação necessária.
Associação Médica
O presidente da Associação Médica Brasileira, Florentino Cardoso, criticou as informações que levam as pessoas a acreditar que o “caos instalado na saúde pública brasileira é causado pelos médicos”. “Isso é uma inverdade. O que acontece é o subfinanciamento do setor. A cada ano, o governo coloca menos recursos para a área de Saúde. Além disso, existem vários municípios no País que não teriam condições de se manter” disse.
Ao referir-se aos médicos formados em Cuba, Cardoso afirmou que “o Brasil quer trazer a escória”. “Desafio a quem quer que seja mostrar a excelência da medicina cubana. Os médicos formados lá estudam quatro anos, mas, para poderem exercer a profissão naquele próprio país, têm que estudar mais dois anos em outra faculdade.”
Ele afirmou ainda que a associação não é contra a vinda de médicos do exterior, desde que passem por um crivo adequado. “Dizem que o Reino Unido tem 40% dos médicos estrangeiros. Perguntem quais as condições de trabalho que encontram lá, e se não foram avaliados antes de começarem a atuar. Perguntem também qual a remuneração que recebem”, destacou.
Reportagem - Renata Tôrres
Edição – Regina Céli Assumpção