Palestrante quer mais recursos para educação no campo
11/12/2012 - 21:55

A representante da Associação Regional das Casas Familiares Rurais, Antônia das Graças Silva, defendeu mais investimentos na educação no campo como forma de se evitar o êxodo rural. Ela participou nesta terça-feira (11) de audiência pública realizada pela Comissão Especial de Reformulação do Ensino Médio, para debater o assunto.
Antônia das Graças sugeriu a diversificação das profissões no meio rural e condições para abrir mais casas familiares rurais, que usam a pedagogia da alternância. Essa pedagogia intercala um período de convivência na sala de aula com outro no campo para diminuir a evasão escolar em áreas rurais.
Pedagogia da alternância
A metodologia, criada por camponeses da França em 1935, está no Brasil há 43 anos. A ideia era evitar que os filhos gastassem a maior parte do dia no caminho de ida para a escola e de volta dela ou que tivessem que ir morar nos centros urbanos. Com a pedagogia da alternância, o aluno passa 15 dias na escola e 15 dias na propriedade.
“Nossa reivindicação é que essa reforma do ensino médio possa trazer benefício para os povos do campo que precisam de um apoio para continuar os estudos, que possibilitem a entrada no mercado de trabalho”, ressaltou.
Antônia das Graças disse que até 2005 as casas familiares rurais funcionavam com recursos vindos do exterior e que agora precisam de apoio financeiro. Atualmente, essas escolas são mantidas pelos agricultores. Ela disse ainda que 80% dos jovens formados na pedagogia da alternância permanecem no campo.
Fundeb para educação rural
O coordenador-geral de Políticas de Educação do Campo da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão do Ministério da Educação, Antonio Lídio de Mattos Zambon, afirmou que o governo reconheceu a importância do trabalho das casas familiares rurais ao enviar ao Congresso a Medida Provisória 562/12, transformada na Lei 12.695/12, que contempla com recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) instituições comunitárias que atuam na educação no campo.
“Quando esses centros se conveniam com a rede municipal ou estadual, esses estudantes podem contar para efeito do Fundeb. O reconhecimento da rede estadual e municipal do importante trabalho dos centros familiares de formação por alternância agora contará para o Fundeb. Significa que estados e municípios receberão recursos para esses estudantes que estão matriculados nos centros familiares de formação por alternância”, disse.
Para o presidente da comissão, deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), o ensino médio precisa ser reformado, pois prepara o jovem apenas para ingressar na universidade. “Estamos trabalhando para dar aos conteúdos uma dimensão maior”, afirmou.
Participação popular
A audiência foi interativa e teve a participação do portal e-Democracia, com apoio da Coordenação de Participação Popular, da Secretaria de Comunicação da Câmara (Secom).
O educador Gílson Vasconcelos Dobbin questionou os palestrantes sobre a aplicação da Pedagogia da Alternância, principalmente no Rio de Janeiro. Ao citar a avaliação positiva do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) para a metodologia, ele assinalou que ela não tem sido aplicada com o devido respeito por parte do Poder Público.
Antônio Lidio respondeu que desconhece a particularidade do estado do Rio de Janeiro.
Criada em maio deste ano, a comissão especial pretende apresentar uma proposta de alteração na legislação atual sobre o ensino médio, com uma reformulação do currículo.
Reportagem - Oscar Telles
Edição – Regina Céli Assumpção