Política e Administração Pública

Mais de 500 requerimentos aguardam votação na CPMI do Cachoeira

03/10/2012 - 18:16  

Arquivo/ Gustavo Lima
Rubens Bueno
Rubens Bueno: CPMI precisa investigar empresas laranjas que receberam recursos da Delta.

Prevista para terminar em 4 de novembro, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira ainda tem mais de 500 requerimentos esperando votação. A prorrogação do prazo da CPMI só deverá ser decidida a partir da próxima semana, quando ela retomará os trabalhos.

Entre os requerimentos a serem votados, estão os que pedem a convocação de deputados citados ao longo das investigações, como José de Filippi (PT-SP) e Valdemar Costa Neto (PR-SP).

Em depoimento à CPI,o ex-diretor do DNIT, Luiz Antônio Pagot, disse que José de Filippi, ex-tesoureiro da campanha de Dilma Rousseff ao Planalto, havia pedido a ele que buscasse doações para a campanha junto às empresas que tinham contrato com o DNIT. Na opinião do autor do requerimento de convocação de Filippi, deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), “os fatos são graves, pois, entre as doadoras da campanha presidencial do Partido dos Trabalhadores está a Delta Construções S.A., que está intimamente conectada à organização criminosa desmantelada pela Operação Monte Carlo”, supostamente comandada por Carlinhos Cachoeira.

Já Valdemar Costa Neto foi citado por Pagot como “sendo um verdadeiro agente da Delta junto ao referido órgão de modo a favorecer os contratos da empresa junto ao DNIT”, de acordo com o requerimento de convocação assinado pelo senador Randolfe Rodrigues (PSol-AP).

Há também requerimentos de convite para a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, e para o governador de Tocantins, José Siqueira Campos, para dar explicações sobre contratos relacionados à construtora Delta.

Ainda há solicitações para colocar frente a frente o governador de Goiás, Marconi Perillo, com suspeitos de representar os interesses de Cachoeira no governo goiano.

Autor de 24 requerimentos, o líder do PPS, deputado Rubens Bueno (PR), afirma que vários assuntos precisam ser analisados pela CPMI, como as quebras dos sigilos bancário, fiscal e telefônico das empresas de Adir Assad. “São 12 empresas laranjas que receberam mais de R$ 200 milhões da Delta. Para se ter uma ideia, há transações irregulares, que o Coaf está investigando, de R$ 3 bilhões.”

O empresário Adir Assad compareceu à CPMI no último dia 28 de agosto, mas permaneceu em silêncio para não se incriminar.

Arquivo/ Saulo Cruz
Luiz Pitiman
Luiz Pitiman: CPMI deve ir além das investigações da PF e do Ministério Público.

Aprofundamento das investigações
Para o deputado Luiz Pitiman (PMDB-DF), a aprovação de novos requerimentos poderá ajudar nas conclusões da CPMI, indo além do que já havia sido desvendado pelas Operações Vegas e Monte Carlo, da Polícia Federal, que revelaram o esquema de Cachoeira.

“A CPMI tem uma missão bastante clara e grande ainda, que é buscar provas sobre as quais a Polícia Federal e o Ministério Público não se aprofundaram. O objetivo principal da investigação naquele momento era o jogo do bicho. Quando nós da CPMI nos deparamos com a influência política, com relacionamento com obras públicas, dinheiro passando por construtoras e por empresas fantasmas, encontramos uma coisa que a Polícia Federal e o Ministério Público não tinham”, disse o deputado.

Quatro em cada cinco requerimentos que aguardam votação na CPMI são de iniciativa de parlamentares de partidos de oposição, mas a maioria dos integrantes do colegiado é de partidos governistas. A CPMI ficou pouco mais de um mês suspensa por causa das eleições municipais.

(*) Matéria atualizada às 16h09 de 4/10.

Reportagem – Ginny Morais/Rádio Câmara
Edição – Pierre Triboli

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