Política e Administração Pública

Mais de 200 empresas fizeram negócios suspeitos com a Delta, diz relator

22/08/2012 - 13:12  

Com o silêncio dos depoentes nesta quarta-feira, as atenções da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira se voltam para os depoimentos da próxima semana e para a quebra do sigilo bancário de empresas que receberam recursos da construtora Delta.

A quebra de sigilos segue recomendação dos procuradores Daniel Rezende Salgado e Lea Batista de Oliveira, que depuseram na terça-feira (21). Eles recomendaram à CPMI que rastreie os recursos movimentados pelo suposto esquema Cachoeira/Delta.

Segundo o relator da comissão, deputado Odair Cunha (PT-MG), há mais de 200 empresas em operações suspeitas com a Delta. A assessoria do PSDB tinha identificado 18 empresas de fachada que teriam recebido R$ 413 milhões da empreiteira. “Sempre é possível aumentar [o número de empresas investigadas]. Precisamos estabelecer o vínculo das empresas com o núcleo central da investigação”, disse Cunha. De acordo com o presidente da CPMI, senador Vital de Rêgo (PMDB-PB), a quebra dos sigilos bancários pode ser votada na terça-feira em uma reunião administrativa antes dos depoimentos.

Depoimentos
Depois da reunião, alguns parlamentares tentaram convencer Vital do Rêgo a não liberar de imediato os próximos depoentes, em especial o ex-presidente da Delta Fernando Cavendish, que entrou na Justiça para assegurar o direito de permanecer em silêncio. A proposta seria a exposição das perguntas a Cavendish, antes de o empresário se pronunciar, para o relator incluir os questionamentos em sua fala. O senador não deu resposta.

Estão marcados para a terça-feira (28) os depoimentos do ex-diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) Luiz Antônio Pagot, e do empresário Adir Assad, apontado como agente da Delta e de outras empresas para lavar dinheiro.

O depoimento de Cavendish está marcado para quarta-feira, assim como o do ex-diretor da Dersa-SP Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto. Ele é acusado de atuar junto ao Dnit em busca de recursos para a campanha de José Serra à Presidência da República.

Reportagem – Tiago Miranda
Edição – Wilson Silveira

A reprodução das notícias é autorizada desde que contenha a assinatura 'Agência Câmara Notícias'.