Parlamentares divergem sobre convocação de diretor da Veja
14/08/2012 - 17:59

Com um plenário já esvaziado, parlamentares da CPMI do Cachoeira divergiram sobre a necessidade de convocar o jornalista Policarpo Júnior, diretor da revista Veja em Brasília.
Para o líder do PT, deputado Jilmar Tatto (SP), houve um acordo entre os membros da comissão para não convocar, mas a CPMI tem a obrigação de chamar o jornalista.
“Tenho fé que esta comissão vai convocá-lo, para que explique sua relação com o crime organizado, com Carlinhos Cachoeira, com o ex-senador Demóstenes. Espero que não tenhamos medo de convocar um jornalista, ou melhor, um pseudojornalista”, disse Tatto.
Segundo o líder do PT, a convocação não é um atentado contra a liberdade de imprensa: “Trata-se de convocar um senhor que começa a envergonhar a categoria dos jornalistas.”
O deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) disse que a convocação de Policarpo faz parte de uma tentativa de intimidação da imprensa. “Quando vejo o líder do PT assumindo um discurso de restrição, de coação ao exercício à profissão de jornalista, me sinto no dever de falar. Estamos falando de um grande partido”, afirmou.
Segundo ele, o Brasil está se preparando para ser uma Argentina, que coagiu profissionais do jornal Clarín. “Querem correr atrás de quem grita pega ladrão ao invés de pegar o ladrão”, reclamou.
Collor
O senador Fernando Collor (PTB-AL), autor do requerimento de convocação de Policarpo, reclamou da não convocação “desse bandido e de seus asseclas”, os jornalistas Rodrigo Rangel e Gustavo Ribeiro.
Collor disse que o procurador Alexandre Camanho, que, segundo ele, é o braço direito do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, levou dois procuradores ao encontro de Ribeiro e Rangel em 12 de março para entregar os inquéritos das operações Vegas e Monte Carlo, sob segredo de Justiça. “Vejam a gravidade desse fato. Essa revista é um coito de bandidos, comandada por seu chefe maior, Roberto Civitta”, disse Collor.
Para o deputado Domingos Sávio (PSDB-MG), o senador exagerou na fala. “É claro que a revista Veja desagrada a alguns. As outras revistas também fazem denúncias. Ora desagradam o PT e o PSDB”, respondeu.
O deputado Dr. Rosinha (PT-PR), que também apresentou requerimento de convocação de Policarpo, disse que espera a votação desse pedido na próxima reunião administrativa da CPMI. “Não é proteção da mídia, mas de um cidadão suspeito de ações criminosas. Ele tem que ser investigado”, afirmou. Dr. Rosinha também defendeu a quebra dos sigilos bancário, telefônico e fiscal do jornalista.
Reportagem – Tiago Miranda
Edição – Juliano Pires