CPMI reconvoca Cachoeira e marca depoimentos de Pagot e Cavendish
14/08/2012 - 17:57

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira aprovou, nesta terça-feira (14), a reconvocação do contraventor Carlinhos Cachoeira. O convite para o deputado Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO) explicar sua situação com o contraventor também foi aprovado.
O presidente da CPMI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), marcou para 28 de agosto o depoimento do ex-presidente da empreiteira Delta Fernando Cavendish, que já havia sido aprovado. O depoimento foi remarcado depois para o dia 29, e para o dia 28 foi marcado o depoimento do ex-diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) Luiz Antônio Pagot. Além das convocações, foram aprovados outros 41 requerimentos.
Cachoeira
Cachoeira já compareceu à CPMI em 22 de maio, mas evocou seu direito constitucional de permanecer em silêncio para não se autoincriminar. Ele disse que só falaria em juízo, o que ainda não ocorreu.
A ideia de reconvocar Cachoeira surgiu depois que sua mulher, Andressa Mendonça, foi ao programa Fantástico, da Rede Globo, e disse que seu marido estava disposto a falar. Depois da entrevista, a CPMI chegou a discutir proposta de que uma comitiva o visitasse na prisão, mas a decisão foi adiada, por causa do esvaziamento da reunião. O novo depoimento ainda não tem data marcada.
“Um pouquinho mais de cadeia para o senhor Cachoeira e ele terá disposição para contribuir. Nada que não seja feito por uma boa delação premiada”, ironizou o senador Randolfe Rodrigues (Psol-AP).
Leréia
Outro requerimento aprovado foi o convite para o deputado Leréia falar sobre 150 ligações telefônicas que teve com o contraventor. O parlamentar já havia dito que gostaria de esclarecer o assunto aos integrantes da CPMI. “Diante da manifestação de Leréia para um convite, ele deve vir falar”, disse o relator da CPMI, deputado Odair Cunha (PT-MG).
Confira aqui os demais requerimentos de convocação aprovados.
Cavendish
Vital do Rêgo anunciou para 28 de agosto o depoimento de Fernando Cavendish, após a cobrança de parlamentares. “Estamos fechando entre 28, dia previamente marcado, e 29. Estamos trazendo três outros nomes para esses dois dias e isso depende de reuniões para adequar o volume de convocados”, explicou.

Antes, o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) havia cobrado essa data. Ele criticou a demora em marcar o depoimento do ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) Luiz Antônio Pagot, que se dispôs a falar, e dos ex-sócios da Sigma Engenharia e Consultoria Ltda., José Augusto Quintela e Romeno Marcelino Machado. A empresa foi incorporada pela Delta Construtora S.A em 2008. “Não estamos indo atrás de quem tem de vir a esta CPI”, criticou.
Randolfe Rodrigues e o deputado Rubens Bueno (PPS-PR) também cobraram as datas. Segundo Bueno, a lógica de convidar Leréia deveria ser usada também para Pagot, que se dispôs a falar. “Se vamos convidar um, vamos convidar o outro, para manter o equilíbrio e o respeito desta comissão parlamentar”, afirmou.
Sigilos
Também foram aprovados, por unanimidade (20 votos), 33 requerimentos de quebra de sigilo, entre eles o sigilo telefônico do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), de seu irmão, Toninho Perillo, e da mulher de Cachoeira, Andressa Mendonça.
Em junho, a CPMI já havia quebrado os sigilos telefônico, fiscal e bancário do governador goiano. Hoje, foi aprovada a quebra de sigilo de outros números. Os sigilos telefônicos se referem a quatro telefones do governo e a um do irmão de Perillo no período de 1º de janeiro de 2011 a 29 de fevereiro de 2012.
Delta,
Os governos dos estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Tocantins, além do Distrito Federal, deverão mandar informações sobre contratos com a Delta Construções. Os deputados Miro Teixeira (PDT-RJ), Domingos Sávio (PSDB-MG) e o senador Randolfe Rodrigues (Psol-AP) cobraram o envio de informações por todos os estados e municípios com contratos com a Delta.

“Estamos diante de um esquema bilionário, o maior da história da República”, disse Rodrigues. “É fundamental que façamos isso de forma plena, para o que tiver de ser descoberto seja, com o propósito de recuperar o dinheiro do povo”, afirmou Domingos Sávio.
O relator Odair Cunha (PT-MG) discordou e disse ser necessário focar nos documentos com participação clara de Cláudio Abreu, ex-diretor da Delta no Centro-Oeste, e Carlinhos Cachoeira. Cunha disse que analisará na próxima reunião administrativa um requerimento formal para obter também os dados sobre os contratos da Delta em outros estados e também em municípios.
Um dos requerimentos é de informações sobre recursos do programa Bolsa Universitária recebidos e repassados a instituições de ensino pela ONG Organização das Voluntárias de Goiás (OVG) desde o início do ano. Essa entidade é comandada hoje pela primeira-dama do estado, Valéria Perillo.
Entre 1999 e 2006, ela foi responsável por instituir o programa de bolsas para alunos carentes, do qual participa a Faculdade Padrão. Sigilos bancários obtidos pela CPMI do Cachoeira revelam que a Faculdade Padrão, do empresário Walter Paulo Santiago, recebeu R$ 22,9 milhões da ONG.
* Matéria atualizada em 15/8
Reportagem – Tiago Miranda
Edição – Juliano Pires