Conselho de Ética adia votação de relatório sobre Protógenes
13/06/2012 - 19:38
Com pedidos de vista feita por vários parlamentares, o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar adiou a votação do relatório preliminar do deputado Amauri Teixeira (PT-BA), que recomenda a instauração de processo contra o deputado Delegado Protógenes (PCdoB-SP), acusado de envolvimento com o esquema do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. A votação foi remarcada para o dia 4 de julho.
O relatório, apresentado no último dia 6, pede o aprofundamento das investigações sobre as relações do deputado com Idalberto Matias Araújo, conhecido como Dadá e acusado de ser integrante da organização comandada por Cachoeira. Se o relatório for aprovado, será aberto processo por quebra de decoro parlamentar contra Protógenes.
Teixeira reafirmou que existem “fatos consistentes, graves e que requerem apuração imediata”. Antes dos pedidos de vista, o deputado Sibá Machado (PT-AC) chegou a apresentar uma proposta de voto em separado. No entanto, o presidente do conselho, deputado José Carlos Araújo (PSD-BA), afirmou que o Regimento Interno não prevê voto em separado neste caso e, por isso, não colocaria a proposta em votação.
O deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), um dos que pediu adiamento, alegou falta de tempo de apreciar o voto do relator.
Jogo político
Em entrevista após o encerramento da reunião, Amauri Teixeira acusou o PSDB de estar fazendo “jogo político”, visto que foi o partido que apresentou a representação. "O alongamento do processo vem de quem representou. Fica claro que é um jogo político de desgaste de um parlamentar, de forma indevida. Isso descredencia todos nós, enfraquece a instituição e desmoraliza, inclusive, o Parlamento e os parlamentares."
A crítica foi rebatida pelo deputado Antonio Carlos Mendes Thame (PSDB-SP), que negou a estratégia. Segundo ele, Sampaio pediu vista por estar envolvido com a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira e não teve tempo de analisar o parecer de Teixeira, que recomenda a instauração de processo contra Protógenes.
"Queremos analisar isso profundamente, para que o nosso voto seja consequente, responsável, porque, afinal, nós estamos tomando uma decisão de mérito, não é uma decisão mecânica, sem repercussão. Há indícios suficientes que formam um mosaico que possa ser uma prova, denotando que um deputado faltou com o decoro, teve uma atitude incompatível com o exercício do mandato e que, portanto, denigre a imagem da Casa?"
Atuação parlamentar
Presente à reunião, Protógenes reclamou do adiamento. Ele disse que isso vem atrapalhando sua atuação parlamentar e provocando sofrimento a ele e à sua família.
Protógenes é acusado de quebra de decoro por sua relação com Idalberto Matias, o Dadá, acusado de integrar uma organização comandada pelo contraventor Carlinhos Cachoeira. Escutas da Polícia Federal na Operação Monte Carlo flagraram Protógenes dando orientações a Dadá sobre como agir para embaraçar a investigação da corregedoria do órgão a respeito de desvios no comando da operação Satiagraha.
O deputado de São Paulo nega envolvimento com a organização e lembra que foi um dos autores do pedido para investigar Cachoeira. Protógenes argumentou ainda que o delegado responsável pela Operação Vegas da Polícia Federal, Raul Alexandre Marques, destacou em depoimento na CPMI do Cachoeira que a conversa interceptada entre Dadá e Protógenes não diz respeito às irregularidades cometidas pela organização.
Saiba mais sobre a CPMI do Cachoeira.
Reportagem - Marise Lugullo
Edição – Regina Céli Assumpção