Política e Administração Pública

Operação Vegas teria 60 mil horas de interceptações telefônicas

08/05/2012 - 23:56  

Em seu depoimento na CPMI do Cachoeira, o delegado federal Raul Alexandre Marques de Souza, responsável pela Operação Vegas, teria informado aos parlamentares que a investigação contabilizou mais de 60 mil horas de gravação de interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça.

Apenas o empresário Carlos Ramos, o Carlos Cachoeira, teria uma média diária de quatro horas de interceptações telefônicas. Segundo o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), as conversas de Cachoeira com parlamentares tratam de assuntos como nomeação de pessoas para postos públicos e tramitação de projetos de lei.

Entre os principais afetados pela Operação Vegas estão o senador Demóstenes Torres (GO), que era do DEM e atualmente está sem partido; os deputados Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO) e Sandes Júnior (PP-GO); prefeitos e vereadores de Goiás; e até jornais de Goiânia, que teriam recebido pagamentos do contraventor, de acordo com parlamentares que participaram da reunião.

Demóstenes
Segundo parlamentares que ouviram o depoimento do delegado, Demóstenes foi retratado como mais que "um simples empregado". Em mais de mil horas de conversas do contraventor que foram gravadas, entre 2007 e 2009, o senador aparece diversas vezes.

Paulo Teixeira disse que a Operação Vegas apresenta provas de nomeações de pessoas da organização de Carlos Cachoeira no gabinete de Demóstenes, a gravação em que o senador pede que Cachoeira pague uma viagem sua de jatinho, além de conversas em que o senador fala de tráfico de influência feito em favor de empresas de Cachoeira.

O depoimento de Souza ainda teria deixado implícito que Cachoeira atuou como sócio oculto da construtora Delta, que tem contratos com diversos estados e com o governo federal e que está sendo investigada pela PF.

"Não podemos revelar o que disse o delegado, mas saio mais convencido de que o senador Demóstenes e os deputados Leréia e Sandes Júnior faziam parte dessa organização criminosa", disse o senador Randolfe Rodrigues (Psol-AP). "Não vejo possibilidade alguma de o Senado mantê-lo [Demóstenes] presente entre nós. Não resta nenhuma dúvida do envolvimento dele", concluiu.

Saiba mais sobre a CPMI do Cachoeira.

Reportagem – Rodrigo Bittar
Edição – Pierre Triboli
Com informações da Rádio Câmara

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