Artistas de circo têm dificuldades para conseguir vaga em escola
27/03/2012 - 10:12

No Brasil, os circos de pequeno e médio porte ainda preservam uma base familiar. Os 35 integrantes do Circo Mundial, por exemplo, são todos parentes. Cada núcleo familiar vive em seu ônibus ou trailer, adaptado para receber todos os móveis e eletrodomésticos indispensáveis a uma boa moradia sem perder a mobilidade, essencial ao circo.
As crianças são estimuladas a aprender a arte circense desde a primeira infância, mas não deixam de lado a educação formal. O desafio de estar a cada 15 ou 30 dias em uma nova escola a garotada tira de letra.
O problema maior é não conseguir vagas nas escolas locais. Desde 1978, a legislação brasileira garante a matrícula dos filhos de artistas circenses em escolas públicas a qualquer tempo. Mas, o gerente do Circo Mundial, Douglas Fernandes, reclama que nem sempre a lei é respeitada.
Segundo ele, as escolas dizem que não há vagas. “Aí, eu explico que somos circenses. E eles dizem que não tem jeito, que não tem nem cadeira. E a lei é assim”, lamenta. “Se não tiver cadeira, o nosso aluno pode levar a cadeira aqui do circo. Qual sala que não vai ter um espaço para uma cadeira a mais por duas, três semanas?", pergunta.
O Projeto de Lei 6903/02, do Senado, considera crime de responsabilidade recusar vaga nas escolas públicas de ensino fundamental para os filhos de artistas itinerantes. A proposta, que já foi aprovada pela Comissão de Educação e Cultura, aguarda votação na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ).
Já o Projeto de Lei 5802/05, do deputado Edson Ezequiel (PMDB-RJ), determina que as escolas de ensino fundamental e médio definam regras especiais para atender os filhos de artistas ou técnicos que trabalham em circos. A proposta também aguarda votação na CCJ.
Benefícios do circo
Se os circenses lutam para garantir a seus filhos a educação que está disponível para os demais cidadãos, quem está fora do circo também pode aprender com essa arte. "Igual quando você faz natação quando você é pequeno. Você não vai virar nadador, mas isso é bom para a sua coordenação, para a sua socialização”, compara Maria Garcia, que trabalha como palhaça.
Na Câmara, o deputado César Halum (PSD-TO) apresentou o Projeto de Lei 2792/11, que institui o Programa Circo do Povo. A ideia é levar informação, cultura e cidadania aos municípios com menor Índice de Desenvolvimento Humano. A proposta aguarda votação na Comissão de Educação e Cultura.
Reportagem - Verônica Lima/Rádio Câmara
Edição – Natalia Doederlein