Trabalho, Previdência e Assistência

Centrais sindicais pedem mínimo de R$ 560 a R$ 580

15/02/2011 - 19:20  

As centrais sindicais que participaram do debate sobre o reajuste do salário mínimo, nesta terça-feira na Câmara, divergiram em relação ao tamanho do aumento. Segundo a maior delas, a Central Única dos Trabalhadores (CUT), o valor deveria subir dos atuais R$ 540 para R$ 580, mas a maioria defendeu um aumento para R$ 560. O governo propõe R$ 545.

O presidente da CUT, Artur Henrique Santos, cobrou o reajuste para R$ 580, “para valorizar e não apenas preservar” o valor do mínimo. Ele se disse favorável a uma política de aumento real do mínimo; à correção da tabela do Imposto de Renda; e a uma valorização permanente das aposentadorias.

Santos afirmou não acreditar no argumento do governo de que a inflação poderia aumentar com a entrada de mais dinheiro no mercado. “A inflação não é de demanda; ela vem da mensalidade escolar, do transporte público, das commoditiesTipo particular de mercadoria em estado bruto ou produto primário de importância comercial, como o café, algodão e cobre, carne e minérios, entre outros. , e não vai ser resolvida aumentando juros”, argumentou.

Ele citou números sobre os fortes lucros dos bancos e das grandes empresas. “Enquanto isso, a participação dos salários na renda cresceu muito pouco, de 40,5% em 2000 para 41,9% hoje”, comparou.

O que está em jogo, disse o representante da CUT, são as políticas de distribuição de renda. O crescimento econômico, acrescentou, vai depender da expansão dos salários e do mercado interno. “Aumentar o salário mínimo é essencial, porque injeta recursos na veia da economia”, afirmou.

Revisão
O valor de R$ 580 foi defendido também pelo presidente da Nova Central Sindical de Trabalhadores, José Calixto, que cobrou a revisão do acordo firmado em 2007 entre governo e sindicatos para o reajuste do mínimo (variação pelo PIBIndicador que mede a produção total de bens e serviços finais de um país, levando em conta três grupos principais: - agropecuária, formado por agricultura extrativa vegetal e pecuária; - indústria, que engloba áreas extrativa mineral, de transformação, serviços industriais de utilidade pública e construção civil; e - serviços, que incluem comércio, transporte, comunicação, serviços da administração pública e outros. A partir de uma comparação entre a produção de um ano e do anterior, encontra-se a variação anual do PIB.  de dois anos antes mais a inflação do ano anterior): “A economia cresceu, a renda cresceu e agora queremos uma compensação.”

Ele lembrou que, quando se discutia a possibilidade de equiparar o mínimo a 100 dólares, argumentava-se que a Previdência quebraria e as prefeituras não iriam suportar a despesa. “Hoje, o valor é de quase 300 dólares e ninguém quebrou”, afirmou.

Busca de acordo
O presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), argumentou que o acordo feito há quatro anos “foi para valorizar e não só para corrigir o salário mínimo”. Segundo ele, a central recuou da proposta de R$ 580 para apoiar a emenda de R$ 560, “em um gesto para fazer acordo”.

Na opinião do parlamentar, o mínimo precisa ter aumento real inclusive quando o PIB não cresce. Ele disse que, em outubro, o presidente Lula e a então candidata Dilma Rousseff reafirmaram o compromisso com o aumento real do mínimo.

Pereira acusou o governo de fazer “cavalo de batalha” pelos R$ 545. “Eu sinto até vergonha de dizer ao trabalhador que estamos brigando só por R$ 15 a mais por mês, ou R$ 0,50 por dia”, disse.

Dinheiro e acordo
O presidente da Central de Trabalhadores do Brasil (CTB), Wagner Gomes, sustentou que o “problema do reajuste do mínimo não é dinheiro, pois o ministro [Guido Mantega, da Fazenda] falou o tempo todo” só do acordo de 2007 sobre o mínimo.

De acordo com Gomes, é viável antecipar 3% do crescimento deste ano para elevar o mínimo a R$ 560. “Em 2009, o governo injetou milhões de reais na economia para enfrentar a crise e fez certo, concordamos; mas, agora, pedimos o mesmo tratamento dado as banqueiros, aos donos de empresas”, argumentou.

Desigualdade
O secretário-geral da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Francisco Canindé, também defendeu os R$ 560 como uma forma de diminuir “o fosso da desigualdade salarial, especialmente no Norte e Nordeste, onde o mínimo é a única renda que move a economia”.

Já o presidente da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil, Antonio Neto, apoiou o reajuste acima dos R$ 545, além da manutenção do acordo com o governo para os próximo anos: “O mínimo é um dos principais indutores do crescimento econômico e da distribuição de renda.”

Da Reportagem
Edição – João Pitella Junior

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