Deputados criticam subida dos juros
21/01/2011 - 16:45
A decisão do Banco Central de aumentar a taxa básica de juros da economia – a Taxa SelicÉ considerada a taxa básica de juros da economia, por ser usada em operações entre bancos e ter influência sobre os juros de toda a economia. A taxa brasileira é uma das mais altas do planeta, atraindo para o mercado financeiro o dinheiro que poderia ser investido em atividade produtiva. É definida mensalmente pelo Banco Central. Selic é a sigla para Sistema Especial de Liquidação e Custódia, criado em 1979 pelo Banco Central e pela Andima (Associação Nacional das Instituições do Mercado Aberto) com o objetivo de tornar mais transparente e segura a negociação de títulos públicos. O Selic é um sistema eletrônico que permite a atualização diária das posições das instituições financeiras, assegurando maior controle sobre as reservas bancárias. Hoje, Selic identifica também a taxa de juros que reflete a média de remuneração dos títulos federais negociados com os bancos. Cerca de metade da dívida pública está atrelada à Selic. Essa é a parcela da dívida chamada de pós-fixada. – de 10,75% para 11,25% recebeu críticas dos parlamentares. O entendimento é que investir no crescimento da oferta e em obras estruturantes tem menos efeitos colaterais do que aumentar a taxa de juros.
O deputado Francisco Praciano (PT-AM) destaca que o aumento dos juros é uma medida que desagrada por ter impactos no crescimento da produção da economia. “O aumento dos juros eleva o custo do investimento das empresas e elas começam a frear seu crescimento. A alta dos juros não é o melhor remédio. O melhor remédio é o investimento em tecnologia para aumentar a produção e a eficiência das empresas”, defende o parlamentar.
Praciano afirma que a inflação brasileira tem como uma das causas a falta de oferta dos produtos. “A indústria não comporta o aumento do salário mínimo, do emprego, do dinheiro circulando no mercado em maior quantidade. Se a indústria não tiver como aumentar a oferta por falta de processos modernos ou de ampliação da capacidade produtiva, teremos certamente inflação”, diz.
Remédio amargo
Para o presidente da Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio, deputado Dr. Ubiali (PSB-SP), esse “remédio amargo” tem mais potencial para matar do que para curar. “Os juros altos atraem capital estrangeiro para o Brasil, que é um capital volátil, um capital que não produz nada. Essa política tem resultado, mas facilita a entrada do dinheiro especulativo, que está perdido aí pelo mundo, que os Estados Unidos estão jogando no mercado internacional para promover a sua economia”, argumenta.
Na avaliação do deputado Antonio Carlos Mendes Thame (PSDB-SP), ao aumentar a taxa de juros, o governo aumenta a dificuldade de pagamento do próprio Tesouro, o que diminui a capacidade de elevação do superávit primárioResultado positivo entre a arrecadação global do setor público (excluídas as receitas obtidas com aplicações financeiras) e o total de gastos gastos, desconsiderando as despesas com juros. O poder público, ao se impor o superávit primário, busca evitar o excesso de despesas. Esse dado é um dos principais termômetros observados pelo investidores estrangeiros para medir a capacidade de um país pagar os credores em dia. Além disso, o saldo de arrecadação obtido é utilizado para pagamento da dívida pública.. No entanto, ele entende que, sem essa medida, dificilmente a inflação ficará sob controle.
O deputado Sandro Mabel (PR-GO) destaca que a subida de juros é necessária para o controle inflacionário. Para ele, a medida dever ser associada à redução de liquidez da economia (retirada do montante disponível para empréstimos, por exemplo, por meio do aumento dos depósitos compulsórios). “Mas essas medidas precisam ser bem pensadas para que os cortes não comprometam o crescimento nem façam crescer a taxa de desemprego”, avalia.
Reportagem – Rachel Librelon
Edição - Pierre Triboli