Economia

BC diz que questão cambial é conduzida com responsabilidade

11/11/2010 - 18:08  

Marcelo Brandt
Presidente do BC, Meirelles explicou aos parlamentares as providências do Brasil em relação à "guerra cambial".

O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, afirmou nesta quinta-feira, na Câmara, que o governo brasileiro não está sendo ingênuo ao comprar dólares para combater a chamada guerra cambial nem ao alterar as regras do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) com o aumento de 2% para 4% da alíquota para investimentos estrangeiros em renda fixa. Ele foi questionado pelo deputado Arnaldo Jardim (PPS-SP) e ressaltou que, no cenário internacional, o Brasil é visto como um país que adota medidas fortes, se comparado a países como China, Japão e Suíça.

Entre as medidas também estão a permissão para o Tesouro Nacional comprar mais dólares no mercado; e a resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN) para impedir que os estrangeiros migrem da renda variável para a renda fixa, como forma de fugir da nova taxação do IOF.

O deputado Pedro Eugênio (PT-CE) elogiou a atuação do BC, mas questionou a possibilidade de adoção de políticas de interferência no câmbio. Na avaliação de Meirelles, o Brasil está levando a questão a sério e tomando medidas adequadas. Sobre a acumulação de reservas, disse que o Banco Central compra os dólares a taxa de mercado e que, a longo prazo, o fluxo de compra costuma ser igual ao da entrada de capitais líquidos.

Resultados

Presidente do BC Henrique Meirelles afirma, em reportagem da TV Câmara, que a crise custou mais barato ao Brasil que a outros países.

Meirelles defendeu o atual nível das reservas internacionais, de 287 bilhões de dólares, e explicou que elas funcionam como um seguro contra crises, embora a manutenção dessas reservas tenha um custo significativo, já que a aplicação em moeda estrangeira rende pouco.

Segundo ele, os países emergentes que tinham baixas reservas, na última crise financeira, tiveram custos de até 25% do Produto Interno Bruto (PIBIndicador que mede a produção total de bens e serviços finais de um país, levando em conta três grupos principais: - agropecuária, formado por agricultura extrativa vegetal e pecuária; - indústria, que engloba áreas extrativa mineral, de transformação, serviços industriais de utilidade pública e construção civil; e - serviços, que incluem comércio, transporte, comunicação, serviços da administração pública e outros. A partir de uma comparação entre a produção de um ano e do anterior, encontra-se a variação anual do PIB.). Já os que tinham reservas elevadas tiveram custos de menos de 5% do PIB. De 2004 a 2010, a manutenção das reservas internacionais custou ao País R$ 68 bilhões, mas o Brasil teve apenas 5 meses de recessão na última crise.

Na audiência pública, Meirelles apresentou o resultado contábil da instituição e fez um balanço das políticas monetárias, creditícia e cambial. Segundo ele, a "consistência" dessas políticas teve como resultado um crescimento estimado do  PIB em 2010 de 7,3% - superior aos de outros países emergentes, exceto da Índia e da China.

O presidente do BC indicou o crescimento da confiança na indústria, das vendas no comércio e do crédito imobiliário. Também ressaltou que foi cumprida a meta de inflação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 4,5%, com tolerância de dois pontos percentuais - a taxa ficou em 5,2% (acumulado de 12 meses em outubro de 2010).

Reportagem - Rachel Librelon e Sílvia Mugnatto
Edição - Newton Araújo

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