Interação entre candidato e eleitor é o diferencial da internet
16/08/2010 - 17:06
Diferentemente de outras formas já consagradas de pedir voto, como programas do horário gratuito de rádio e TV, a internet tem sua força na interatividade. Essa característica pode ser observada em fóruns de discussão, blogs, fotologs e no processo de construção de redes sociais como Twitter, Orkut e Facebook.
“Penso que a eleição deste ano ganha mais interatividade por ampliar a participação do eleitorado no debate político. O sistema em vigor até então era muito focalizado na televisão, um meio que afasta o candidato do eleitor e centraliza as ações em torno do marketing”, afirma o mestre em ciência política Francisco Brandão.
Neste ano, as campanhas na internet terão um público potencial maior, já que houve aumento do número de brasileiros com acesso à rede. Segundo o Ibope, no fim de 2009, 67,5 milhões de brasileiros acima de 16 anos foram considerados “incluídos no mundo digital” por terem contato frequente com a web em pelo menos um lugar: em casa, no trabalho, na escola, em lan houses ou nas bibliotecas.
Já quando se leva em consideração apenas os ambientes “domicílio e trabalho”, os brasileiros com acesso à internet representaram 47 milhões de pessoas.
O Ibope também apresentou dados na subcategoria Comunidades, correspondente a redes sociais, blogs, salas de bate-papo, fóruns e outros sites de relacionamento, constatando um alcance de 31,7 milhões de pessoas, o equivalente a 86,3% dos internautas ativos (36,7 milhões).
Fiscalização
Alguns partidos já estudam a possibilidade de criar estrutura e designar profissionais especificamente para acompanhar o que está sendo comentado na internet. Na eleição de 2006, por exemplo, o PT criou uma estrutura de monitoramento e de contrapropaganda que mobilizou militantes para identificar e imediatamente enviar ao comitê central todo e qualquer e-mail ou corrente de propaganda lesiva ao partido.
Francisco Brandão defende o monitoramento da rede como forma de evitar que mentiras e montagens causem prejuízos à imagem dos candidatos, mas considera um engano acreditar que se deve proibir as campanhas negativas na internet.
“As campanhas negativas são legítimas, pois apontam defeitos e incoerências nos programas e na própria biografia dos candidatos. Mas é claro que mentiras e boatos devem ser monitorados”, afirmou.
A cientista política Maria do Socorro Sousa Braga também afirma que a rede precisa ser monitorada para evitar que informações manipuladas e falsas criem dúvidas na cabeça do eleitor.
No caso do Twitter, em razão da retroalimentação ser muito rápida, ela lembra que o seu uso pode ser direcionado para a propaganda negativa. “Quando se pensa no Twitter, é muito mais na ideia de criar espaço para contrapropaganda, ou seja, atingir o adversário. Já no caso dos blogs, onde existe um espaço maior e mais estático, deve ocorrer uma utilização mais informativa”, diz a cientista política.
Reportagem – Murilo Souza
Edição – Pierre Triboli