Relações exteriores

Comissões da Câmara condenam ação de Israel

Na segunda-feira, militares israelenses interceptaram navios com ajuda humanitária que iam para a Faixa de Gaza. Cerca de 680 ativistas foram detidos e serão deportados.

01/06/2010 - 20:24  

As comissões de Direitos Humanos e Minorias e de Relações Exteriores e de Defesa Nacional condenaram hoje a ação militar do governo de Israel contra um comboio de navios com ajuda humanitária para palestinos. O comboio de seis barcos foi interceptado na segunda-feira (31). Os navios fretados por várias organizações pró-palestinos partiram no último domingo de Chipre e se dirigiam para a região da Gaza pelo mar Mediterrâneo.

A Comissão de Direitos Humanos divulgou nota oficial, na qual manifesta repúdio ao ataque. “Diante de um ato de violência como o ocorrido, não há espaço para qualquer argumento que tente justificar a sua legitimidade. Causa ainda mais choque e espanto o fato de o ataque ter ocorrido em águas internacionais, o que viola gravemente estatutos do Direito Internacional”.

Na nota, assinada pela presidente da comissão, deputada Iriny Lopes (PT-ES), também é repudiado o desrespeito de Israel às resoluções da Organização das Nações Unidas para que as tropas israelenses desocupem áreas do território palestino.

“Lamentamos que tal episódio de hostilidade ocorra no preciso momento em que ganham relevo os esforços de países como o Brasil e a Turquia no sentido de encontrar soluções que pavimentem os caminhos para a paz no Oriente Médio. O senso comum e a história recente dizem que violência gera apenas mais violência e este ato do governo de Israel contribui sobremaneira para o aumento das tensões na região”, diz a nota.

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Ouça as críticas de Emanuel Fernandes e Domingos Dutra ao ataque de Israel. Para ouvir a Rádio Câmara clique aqui.

Violência intolerável
O presidente da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional, deputado Emanuel Fernandes (PSDB-SP), também condenou o uso de violência por parte do governo de Israel. Para ele, a ação acentua o conflito no Oriente Médio. "Por mais desculpas que o Estado de Israel dê, é condenável a violência, porque acabaram perdendo o controle da situação, gerando essa violência, que é intolerável."

O deputado Domingos Dutra (PT-MA), segundo-vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias, afirmou que o ato é um crime contra a humanidade. “As pessoas estavam indefesas, não ofereciam nenhum perigo a Israel, estavam levando ajuda humanitária” e foram atacadas em uma área internacional.

A deputada Jô Moraes (PCdoB-MG) se solidarizou com os ativistas e disse que o “ato é resultado da política externa dos Estados Unidos, que tentam usar o Estado israelense como força de intervenção naquela área", disse.

O Partido dos Trabalhadores também divulgou nota condenado os ataques. O partido manifesta apoio irrestrito às iniciativas do Itamaraty de condenar o ataque.

Ações de terrorismo
Já o deputado Ibsen Pinheiro (PMDB-RS) defende o equilíbrio na análise da situação. Ele lamenta as mortes provocadas pela ação de Israel, que ele avalia como desproporcional e imprevidente, mas alerta para a possibilidade de a manifestação dos ativistas encobrir ações de terrorismo.

"Eu não vou endossar um ato de força desproporcional praticado por Israel, mas não posso ignorar as razões da coibição do trânsito naquela costa, porque mesmo o ato de propaganda pode ensejar o transporte de armas. Não temos um vilão e um mocinho. Temos um conflito".

Sobre a posição do Brasil, Ibsen Pinheiro considera que o País deve arbitrar o conflito, se necessário, ao invés de intensificá-lo, torcendo para um lado e condenando o outro.

Reportagem - Verônica Lima / Rádio Câmara
Edição – Paulo Cesar Santos

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