Política e Administração Pública

Repasse de recursos da Funasa a ONGs poderá ser denunciado ao MPF

07/04/2010 - 19:15  

O deputado Marcelo Serafim (PSB-AM) afirmou nesta quarta-feira (7) que poderá denunciar ao Ministério Público Federal as supostas irregularidades no repasse de recursos da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) a organizações não governamentais (ONGs) da Amazônia.

Em audiência pública da Comissão da Amazônia, Integração Nacional e de Desenvolvimento Regional, Serafim e o deputado Francisco Praciano (PT-AM) disseram que entidades beneficiadas por convênios têm vínculos com políticos locais. Os parlamentares solicitaram à Funasa mais informações sobre os repasses.

De acordo com Serafim, os recursos podem estar sendo usados com propósitos eleitorais. Ele disse ter estranhado os dados apresentados durante a audiência pela coordenadora-geral de Planejamento e Avaliação de Saúde Indígena da Funasa, Rosangela de Oliveira, que revelaram repasses maiores em anos eleitorais.

Em 2002, por exemplo, a Funasa destinou R$ 59,5 milhões para ONGs do Amazonas. No ano seguinte às eleições majoritárias, não houve qualquer repasse. Já em 2004, quando foram eleitos prefeitos e vereadores, o valor foi de R$ 29,8 milhões. Em 2005, caiu para R$ 2,9 milhões. “[O vínculo eleitoral] é muito grave. Tem que ser denunciado e averiguado”, afirmou Serafim.

Falta de pessoal
A representante da Funasa afirmou que os critérios para seleção das entidades são técnicos e não políticos. Segundo Rosangela, os dados se referem a repasses autorizados, mas a liberação dos recursos pode ter sido feita em anos subsequentes, e não necessariamente no ano eleitoral.

De acordo com ela, os convênios são necessários em razão da falta de servidores públicos para fazer o atendimento à saúde da população indígena. No Amazonas, a Funasa possui 122 servidores, diz Rosangela. Por meio das ONGs, 1.113 pessoas foram contratadas.

“A solução desse problema é ter um quadro de pessoal efetivo e não ter mais convênios", disse a coordenadora, ressaltando que um concurso para cargo temporário está em andamento no Amazonas.

A formação de um quadro efetivo esbarra, segundo ela, na falta de interessados em razão dos baixos salários – R$ 2.600 para nível superior e R$ 2.300 para nível médio. “Para a pessoa trabalhar longe da família, em regiões remotas, não é um salário que compense”, diz Rosangela.

Reportagem - Geórgia Moraes/Rádio Câmara
Edição – Daniella Cronemberger

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