Saúde

Participantes de seminário dizem que eutanásia não é solução

25/03/2010 - 15:02  

Na opinião dos palestrantes do seminário “Anencefalia e Eutanásia”, promovido pela Comissão de Legislação Participativa nesta quinta-feira, a eutanásia – ou a antecipação da morte de pacientes incuráveis – não é a melhor solução para acabar com o sofrimento. O promotor de Justiça Diaulas Ribeiro e o médico Elias Fernando Miziara lembraram que a prática, antes de tudo, é considerada crime no Brasil.

Já o médico Cícero Urban disse que a eutanásia é inconsistente com a atividade médica, que busca a vida e não a morte. "Além disso, pode haver erros de diagnóstico, o que poderia levar a eutanásias equivocadas", observa o especialista.

Quem decide
Outro assunto abordado foi a responsabilidade da decisão pela suspensão de tratamentos ou pela morte. Elias Miziara afirmou que a decisão deve ser da família, nunca do médico. Para Cícero Urban, o problema é quando há divergências na família.

Diaulas, por sua vez, disse que um cônjuge estaria mais apto a decidir sobre a vida de seu parceiro em vez dos pais dessa pessoa. A convivência com um cônjuge, justificou, é maior que com os pais.

Amadurecimento
Apesar da posição contrária à eutanásia, Elias Miziara reconheceu o amadurecimento da sociedade para discutir o tema. Ele lembrou que, há um século, a medida não era sequer cogitada.

“Antes não havia a condição de manutenção da vida além dos limites razoáveis da natureza. A morte era vista como uma consequência da vida, fazia parte da vida. Os pacientes vitimados por enfermidade morriam em casa, assistidos pela família. Essa questão [a eutanásia] surge a partir do momento em que a tecnologia é introduzida no dia a dia e se perde a noção de que a morte é parte integrante da vida”, observa.

Diaulas Ribeiro acredita que as discussões ainda vão avançar. No futuro, segundo ele, a eutanásia poderá até ser vista como ato de cuidado. Na atualidade, no entanto, o assunto não pode ser discutido separadamente de valores familiares e religiosos.

Por enquanto, Diaulas se diz mais preocupado com um outro conceito pouco abordado: o de mistanásia. Trata-se da morte prematura por falta de cuidados médicos. “É a morte da pobreza. Muitas pessoas que morrem no Brasil [devido à falta de tratamento adequado] não morreriam em outros países.”

Reportagem - Noéli Nobre
Edição - Newton Araújo

A reprodução das notícias é autorizada desde que contenha a assinatura 'Agência Câmara Notícias'.