Associação do Mercosul com União Europeia pode sair em 4 meses
09/03/2010 - 19:15

A retomada das negociações entre o Mercosul e a União Europeia, que haviam sido interrompidas há três anos, foi comemorada por deputados e senadores que participaram da 22ª sessão plenária do Parlamento do MercosulBloco econômico formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, com o objetivo de criar um mercado comum com livre circulação de bens e serviços, adotar uma política externa comum e harmonizar legislações nacionais, tendo em vista uma maior integração. A adesão da Venezuela ao Mercosul já foi aprovada por Brasil, Argentina e Uruguai mas ainda precisa ser aprovada pelo Paraguai. Chile, Bolívia, Peru, Colômbia e Equador são países associados, ou seja, podem participar como convidados de reuniões do bloco., realizada na segunda-feira (8), em Montevidéu.
Os entendimentos poderão levar à celebração de um acordo de associação entre os dois blocos ainda neste ano, segundo o representante permanente do Brasil junto ao Mercosul, embaixador Régis Arslanian. Ele previu que, se tudo der certo, a aprovação se dará em quatro meses.
Ele relatou aos parlamentares o andamento das negociações, cuja interrupção pelos europeus se deveu à espera do resultado da Rodada de Doha, da Organização Mundial do Comércio (OMC), que visa diminuir as barreiras comerciais em todo o mundo, com foco no livre comércio para os países em desenvolvimento.
Abertura comercial
Os europeus argumentavam que somente depois da conclusão da Rodada de Doha eles poderiam saber que grau de abertura poderiam oferecer aos produtos agrícolas do Mercosul. Agora que as negociações da OMC também foram interrompidas, e no momento em que os europeus tentam sair da crise econômica mundial, eles resolveram voltar à mesa de negociações.
Agora, como informou Arslanian, o Mercosul aguarda uma nova oferta da União Europeia relativa aos produtos agrícolas, enquanto os europeus aguardam maior liberação do mercado do Mercosul principalmente para seus automóveis.
Para o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado, “o Mercosul ganha muito em importância e em rejuvenescimento” se houver agora a aprovação do acordo com a União Europeia. Ele ressaltou que, até hoje, o Mercosul só tem um tratado de livre comércio – firmado com Israel. “É inegável que o Mercosul vive momentos de dificuldade. Os quatro países têm situações diferentes e não traduzimos ainda em vantagens esse fato de estarmos unidos”, admitiu Azeredo.
Cautela nas negociações
Já o deputado George Hilton (PRB-MG), recém-indicado pela representação brasileira para presidir a Comissão de Assuntos Econômicos, Financeiros, Comerciais, Fiscais e Monetários do Parlamento do Mercosul, vê com cautela a retomada das negociações com a União Europeia.
“Parece mais um gesto político do que algo concreto. Os europeus insistem em colocar barreiras enormes a alguns produtos, mas a gente deu um passo. Não foi o suficiente, mas pode ser o início de um avanço. Mas ainda é algo muito tímido para o que se espera para as duas maiores uniões aduaneiras do mundo”, afirmou Hilton.
O senador Sérgio Zambiasi (PTB-RS) julga que o momento pode ser bastante favorável ao bloco sul-americano, até por causa da crise internacional. “Havia muitas exigências de parte dos europeus, mas esta crise mundial fez com que algumas questões fossem revistas. Estamos em outro momento, muito favorável à América do Sul”, avalia.
Reportagem – Rejane Xavier/NA
Com informações da Agência Senado