Câmara lembra ações sociais e políticas de dom Hélder Câmara
30/11/2009 - 17:55

Dom Hélder Câmara foi uma pessoa à frente do seu tempo, que fez da luta pelos pobres a sua vida e, para os que seguem a sua fé, foi um “homem santo”. Assim, a deputada Sandra Rosado (PSB-RN) descreveu o arcebispo, que completaria 100 anos em 2009. Depois de 68 anos dedicados ao sacerdócio, dom Hélder morreu em 1999, aos 90.
"A minha ideia foi fazer deste momento uma profunda reflexão sobre como nós podemos usar as nossas vidas numa dedicação de amor incondicional ao próximo e, assim, mostrar que um mundo melhor depende unicamente da ação de cada um de nós", disse a deputada. Ela propôs a sessão solene realizada nesta segunda-feira na Câmara para lembrar o centenário de dom Hélder.
Conforme lembrou a parlamentar, o arcebispo rejeitava a tese de que os pobres devem atribuir a sua situação à vontade de Deus e defendia uma igreja simples e integrada na defesa da justiça e da cidadania, com ações práticas para os mais humildes. "E tudo era feito com vigor, certeza e luz", ressaltou.
Exemplo de vida
O deputado Mauro Benevides (PMDB-CE) leu uma mensagem enviada pelo presidente da Câmara, Michel Temer, na qual ele agradece a dom Hélder pelo exemplo que foi a sua vida. "Encantando a muitos, desagradando a outros tantos, mas acima de tudo fazendo-se ouvir por todos, tornou-se internacionalmente conhecido na luta pela paz como fruto da justiça social entre os povos", lembrou Temer.
O deputado Luiz Couto (PT-PB), que é padre e também propôs a homenagem, lembrou a visita do papa João Paulo II — que, quando esteve em Recife, referiu-se a dom Hélder como irmão dos pobres e seu próprio irmão. "Um homem que ama, que se entrega profundamente à causa evangélica, à causa dos irmãos, principalmente daqueles mais empobrecidos, esse não morre nunca", disse Couto, que considera dom Hélder como um profeta.
Ação política
Já o deputado Otavio Leite (PSDB-RJ), outro que sugeriu a realização da sessão solene, elogiou a atuação política de dom Hélder, que trabalhou nas favelas do Rio de Janeiro antes de voltar para o Nordeste, onde se tornou arcebispo emérito de Recife e Olinda. Por seu trabalho, lembrou o parlamentar, o religioso foi indicado quatro vezes para o prêmio Nobel da Paz, "e só não ganhou por intervenção da ditadura brasileira".
Dom Hélder presidiu a assembleia que criou em 1952 a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), principal braço político da Igreja Católica no País. "Ele foi um personagem ímpar da nossa República, da nossa História, e deve servir como fonte de inspiração para todos os brasileiros no sentido de que é possível ter solidariedade. Ele ajudava as pessoas com a perspectiva da emancipação do homem, e isso é fundamental", disse Leite.
Os deputados Maurício Rands (PT-PE), José Guimarães (PT-CE) e Chico Lopes (PCdoB-CE) também propuseram a realização da solenidade.
Reportagem - Marcello Larcher
Edição - Maria Clarice Dias