Agropecuária

Deputado critica proposta da Anvisa para publicidade de alimentos

15/10/2009 - 16:27  

O deputado Leonardo Vilela (PSDB-GO) criticou nesta quinta-feira a proposta da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de restringir propagandas de alimentos com quantidades elevadas de açúcar, sódio e das gorduras trans e saturada, além de bebidas com baixos valores nutricionais, como refrigerantes.

Para o parlamentar, as intenções da Anvisa são boas, mas a medida pode não ser a indicada para um País no qual uma parcela da população ainda enfrenta problemas de subnutrição.

"O que deve ser feito é uma educação alimentar e não uma resolução de cima para baixo, denegrindo a imagem de produtos com bom valor nutritivo e deixando a população sem alternativas", destacou o deputado em audiência da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e de Desenvolvimento Rural.

Ele observa que "o leite foi taxado como `o Ministério da Saúde adverte` que é a mesma advertência que tinha na carteira de cigarro. Já uma garrafa de cerveja está apenas `beba com moderação`. Então são dois pesos e duas medidas".

Riscos no consumo
Pela proposta da Anvisa, as propagandas desses produtos deverão vir acompanhadas de um alerta sobre os riscos no consumo do alimento. Além disso, as propagandas no rádio e na televisão deverão ser transmitidas entre as nove da noite e as seis da manhã e não poderão ser destinadas para o público infantil.

De acordo com a especialista em regulação e vigilância sanitária, Mariana Von Collani, metade das mortes por doenças crônicas não transmissíveis poderiam ser evitadas com uma alimentação saudável.

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Maria Von Collani disse que gastos com tratamento de obsesos pode chegar a 60 bilhões de dólares em 2015.

Ela acrescenta que 40% dos adultos e 20% dos jovens brasileiros estão com sobrepeso. "O sobrepeso no decorrer dos anos leva a uma série de doenças cardiovasculares, obesidade, hipertensão, diabetes", explica Collani.

A especialista entende que a regulamentação da propaganda desses alimentos "tem como objetivo melhorar a qualidade da alimentação do adulto e também prevenir que, no futuro, essas crianças tenham problemas de saúde".

Resistências
Mas a ideia encontra muitas resistências. Para o diretor da Associação Brasileira das Pequenas e Médias Cooperativas e Empresas de Laticínios, Luiz Fernando Martins, a regra é injusta.

Segundo ele, isso se dá porque vai acabar com a propaganda de alimentos como o queijo e o iogurte, que apesar de terem quantidades mais elevadas que o recomendável de sódio, açúcar ou gordura, fazem parte das dietas consideradas mais saudáveis pelos especialistas.

"Se na Alemanha, onde se consome 22,4 Kg de queijo por habitante ao ano, a nova tendência mundial é considerada favorável aos queijos e demais derivados de leite porque no Brasil, onde o consumo não chega a quatro quilos por habitante ao ano seria o contrário. Por que se desestimular o acesso da população a um alimento tão rico em tantos micronutrientes?", questionou.

As discussões sobre a restrição da propaganda de certos tipos de alimentos começaram em 2005. Mas a intenção da Anvisa é concluir os debates até o final deste mês para publicar uma nova resolução já no início do ano que vem.

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Reportagem - Juliano Pires
Edição - Newton Araújo

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