Segurança

Entidades se manifestam contra bomba de fragmentação

28/11/2007 - 16:32  

Entidades da sociedade civil pediram hoje ao governo brasileiro um posicionamento contrário à fabricação de bombas de fragmentação no País. Elas explodem antes de atingir o alvo, liberando várias bombas menores que se espalham por uma área relativamente grande. A arma é usada para atacar tanques, grupos de pessoas ou para iniciar incêndios. Esse tipo de bomba não tem precisão, podendo se afastar do alvo. Além disso, parte delas não explode imediatamente, podendo se transformar em minas terrestres e causar acidentes anos depois.

Atualmente, as bombas de fragmentação são produzidas no Brasil por 15 indústrias, sendo 12 civis e 3 militares. Informações como os estoques e os compradores dos armamentos não são divulgadas.

Durante audiência pública promovida pela Comissão de Relações Exteriores nesta quarta-feira, o representante do Instituto Sou da Paz, Daniel Mack, explicou que a área de expansão da bomba pode chegar a uma extensão equivalente a quatro campos de futebol. Com isso, países como Líbano e Laos têm registrado milhares de acidentes, sendo as crianças as principais vítimas. "Por volta de 60% das vítimas civis dessas bombas são crianças, porque são armamentos atraentes para elas, parecem brinquedos", alertou.

As bombas de fragmentação causam também sérios prejuízos à economia dos países atingidos, por inutilizar áreas para a agricultura. Há cerca de duas semanas, uma chuva de granizo provocou várias explosões no sul do Líbano, região fortemente bombardeada por Israel no ano passado.

O diretor do Departamento de Assuntos Internacionais do Ministério da Defesa, brigadeiro Jorge de Souza e Mello, defendeu a produção do armamento no País e garantiu que existe empenho para se reduzir os índices de não-explosão, que são mantidos sob sigilo. "As munições cluster, munições em cacho, são armas importantes para as Forças Armadas dentro das suas hipóteses de emprego. É uma opção estratégica importante. Não faz parte das Forças Armadas brasileiras, como bem vemos no Haiti, qualquer tipo de atitude irresponsável".

O deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), que solicitou o debate, pretende promover novas discussões sobre o tema, na expectativa de que elas sigam o mesmo caminho que culminou no veto à fabricação de minas terrestres.

Desde fevereiro, diversas nações negociam a criação de um novo tratado internacional para proibir a fabricação, estocagem, uso e transferência de bombas de fragmentação. O governo brasileiro não participa oficialmente da negociação. Nas Américas, somente Brasil, Estados Unidos, Argentina e Chile fabricam esse tipo de armamento.

Reportagem - Mônica Montenegro/Rádio Câmara
Edição - Patricia Roedel

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