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Entre fé, memória e resistência feminina – é por esses caminhos que transita a escrita de Dia Bárbara Nobre. Natural de Juazeiro do Norte (CE), em plena região do Cariri, a historiadora, escritora e professora universitária Dia Bárbara Nobre transforma sua pesquisa sobre religiosidade e apagamentos históricos em narrativas poéticas sobre mulheres, espiritualidade e ancestralidade.

Autora da tese premiada Incêndios da Alma — posteriormente adaptada para livro — e da coletânea de contos No útero não existe gravidade (finalista do Prêmio Mix Literário 2021), Dia acaba de lançar seu primeiro romance, Boca do Mundo, pela Companhia das Letras. Em Boca do Mundo ela entrelaça mito e realidade para criar Urânia, um povoado nordestino onde as dores e os silêncios femininos se transformam em força e voz. Sua literatura, ao mesmo tempo histórica e mística, faz do sertão um território simbólico de fé, ferida e renascimento.

Ambientada em Urânia – cidade fictícia criada pela autora para unir religiosidade popular, memória histórica e mitos femininos do sertão nordestino – a narrativa acompanha personagens marcantes: Teresa, Abigail e Hermínia. Suas trajetórias entrelaçam gerações e revelam as feridas profundas deixadas pela violência contra mulheres, pela fé institucional e pela herança patriarcal. Narrado por uma voz mítica — uma serpente ancestral que observa tudo —, o livro constrói um universo simbólico e poético, onde o sagrado e o profano se confundem.

Neste nosso Encontro com a Autora, Dia Bárbara Nobre reflete sobre a força das vozes femininas no sertão.